Parlamentarismo, voto distrital e monarquia

PARLAMENTARISMO, VOTO DISTRITAL E MONARQUIA

O comportamento dos políticos brasileiros tem sido muito infeliz nas últimas décadas. E piorando sempre. E nem importa a coloração partidária. Entra governo, sai governo, entra parlamento sai parlamento, é sempre a mesma coisa. É comum buscarmos motivos culturais e de colonização como justificativa. Mas parece muito tempo para que isso continue sendo explicação.

Seja lá qual for a motivação, é algo que precisa mudar. E rapidamente. De nossa parte, acreditamos que a questão possa ser relativa à forma de governo e de eleição que temos.

Quanto à questão eleitoral, pode-se colocar o problema na conta da forma atual como os deputados são eleitos. Hoje eles podem sê-lo em qualquer parte do estado. Assim, não há como serem cobrados e nem há prestação de contas ao eleitor.

Quanto à forma de governo, é possível que o problema esteja no regime presidencialista. É muito poder para um presidente. Talvez uma mudança nas duas formas ajudasse muito.

Quanto à eleição de deputados estaduais e federais, há que circunscrevê-los às suas regiões. Precisamos da imediata criação do voto distrital. É comum os candidatos se elegerem apenas em determinados municípios. Nada tendo feito ao longo do seu mandato, e podendo não se reeleger, com frequência procuram municípios diferentes. Onde não são conhecidos e podem fazer novas promessas que nunca serão cumpridas. E assim por diante.

Com isso, não há possibilidade dos eleitores os cobrarem, e puni-los. Assim, o barco vai navegando, singrando sempre mares diferentes. Água para navegar nunca vai faltar. O que se sugere, no caso, é uma circunscrição do candidato a determinado local, formado por um grupo de municípios. Dividindo o estado em distritos, em que o candidato tem que obter seus votos apenas lá.

Com essa forma, o deputado trabalhará para a sua região e somente poderá pleitear a reeleição naquele distrito. Se não realizar um bom trabalho e não se reportar ao seu eleitor, não obterá novamente seu voto. E se mudar de endereço durante o mandato, deve perdê-lo e ser impedido de concorrer na eleição seguinte.

Obviamente que não é a solução de todos os problemas, mas, será um grande passo. Os vereadores também poderiam seguir esse modelo.

Quanto aos senadores não há problemas com a forma atual, pois são apenas três. Mas poderiam ser reduzidos a dois por estado. E os suplentes precisam ser eleitos, como ocorre com os deputados. E não serem nomeados pelos senadores como ocorre hoje. Um verdadeiro absurdo e estelionato eleitoral.

Quanto ao mandatário-mor da nação, o sistema presidencialista terá que ser substituído. Visto ser um sistema quase incontrolável pelo eleitor. É quase impossível tirá-lo do poder por descumprimento de promessas, corrupção. Propomos Parlamentarismo Já. E de preferência, uma monarquia parlamentarista.

Parlamentarismo porque é um regime onde o presidente tem pouco poder. É apenas o chefe de Estado. Há um chefe de governo escolhido entre os parlamentares eleitos. Só que seu poder é limitado. O presidente pode destituí-lo. E também poderá ser destituído pelo congresso com um voto de desconfiança.

Assim, durante o mandato de um presidente, ter-se-á sempre a possibilidade de se ter um ou mais chefes de governo. Basta que o nomeado não atenda as expectativas. O que não ocorre com o presidente eleito, que é praticamente irremovível do palácio. E que já vem de fábrica colado à sua cadeira.

A escolha da monarquia não é por profundo amor à mesma. É pela simples razão de que é necessário alguém que não seja eleito, já que se for eleito tem que ter poder. Em especial se o for com dezenas de milhões de votos como sói acontecer no Brasil. Com um eleitorado de mais de 120 milhões de votos, um presidente será eleito com cerca de 60 milhões. E, convenhamos, é voto demais e, portanto, absolutamente injusto e inaceitável que o dono de um eleitorado dessa magnitude não mande.

Portanto, se queremos um parlamentarismo forte, e sem a sombra de alguém tendo centenas de vezes mais votos que um deputado, é necessário que o chefe de estado seja um rei. Que, não sendo eleito, não poderá reivindicar qualquer mandato e poder.

Outra providência seria uma hierarquia, ou seja, “começar do começo”. Como vereador, deputado, prefeito, assim por diante. Tem que ser proibido começar por cima. Ninguém pode pleitear nada acima sem conhecer o que vem antes. Por exemplo, ser prefeito, governador ou presidente, sem ter passado pelo legislativo, e assim por diante. Quando chegar lá, tem que saber o que se passou antes e como funciona na prática.

E, claro, pararmos de mudar a constituição ao bel-prazer de cada governante e seus interesses futuros. A reeleição ainda não provou se é boa ou não. É preciso haver tempo. E uma boa providência é a igualdade de condições entre os postulantes a cargos executivos, isto é, o atual tem que deixar o cargo. Qualquer cargo.

Também é conveniente registrar que nos EUA, para mais de 300 milhões de habitantes, há 435 deputados, e aqui, para 192 milhões, temos 513, num verdadeiro cabide de emprego. Sem contar a exagerada quantidade de assessores e a fortuna em mordomias. Quanto aos vereadores, bom nem comentar.

Aqui o presidente tem 23.000 cargos de confiança para nomear. Nos EUA apenas pouco mais de 2.000 cargos.

Bertrand Russel: “A principal causa dos problemas do mundo de hoje é que os obtusos estão seguríssimos de si, enquanto os inteligentes estão cheios de dúvidas.”

Jornal Portos e comércio exterior – Outubro de 2004
Jornal DCI – 30/12/2008

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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