Brasil de alguns

 

 

Provavelmente, alguns estranharão o título deste artigo. Mas, somente aqueles que não conhecem este país, como ele é e como funciona. Ou que só o conhecem pelas informações parciais ou mentirosas repassadas à sociedade e não pelas análises da realidade. Informações que escondem os fatos que a sociedade precisa saber. O Brasil é muito diferente. Reprisando um dos nossos bordões, não fazemos parte da Via Láctea.

Estamos em situação deplorável em qualquer campo que se analise. Nossos infinitos problemas, muitos deles sem solução, se originam, certamente, do resultado da péssima educação que temos no país. Estamos sempre na rabeira internacional.

A educação foi jogada na lata de lixo há décadas. Fizemos o caminho inverso da Finlândia e Coréia do Sul, que eram nada nos anos 1950 e 1970, respectivamente. Investiram em educação e são dois dos melhores países do mundo. Inverso daqui. Nós e muitos contemporâneos estudaram em escola pública. Não precisávamos das particulares.

Outro caminho inverso foi tomado na economia. Enquanto Deng Xiaoping, que dirigiu a China de 1978 a 1992, decidiu que o país continuaria comunista só na política, e não na economia, nós invertemos tudo. Lá ele criou a economia de mercado, tornando a China capitalista, e nós nos tornamos comunistas na economia. Lá ele abriu o mercado às empresas privadas, nacionais e estrangeiras, sabendo que quem produz é o capital privado e não o governo.

Aqui fechamos a economia de mercado e a abrimos aos amigos. Passamos a dar privilégios cada vez maiores a esses, e não a quem realmente queria produzir e ajudar o país. Criamos as chamadas empresas campeãs, aquelas que seriam representantes do Brasil no mundo.

O dinheiro público começou a jorrar, principalmente nas últimas duas décadas, aos amigos que nos elegessem e enriquecessem. Tornamo-nos a economia dos amigos. Alguns enriquecendo ilegal e extraordinariamente, com a maioria empobrecendo.

Nossos poderes tornaram-se totalmente enviesados. O executivo olhando apenas para seus interesses e não da nação. Em que o povo não passou a ser mais do que um mero detalhe.

Nosso legislativo, em todas as esferas, isolou-se totalmente da sociedade, criando privilégios que não existem em nenhum lugar do mundo. E cada vez mais. E para manter esses privilégios e aumenta-los, mudam as regras eleitorais a cada eleição. E, aliados ao executivo vão piorando a sociedade.

O Judiciário, que já renomeamos de judasciário no passado, aliou-se aos demais dois poderes contra o Brasil.

De tal forma que não se pode mais dizer que temos três poderes neste país. Temos apenas um. Ou, melhor, temos dois poderes. Eles três de um lado e o Brasil de outro.

Muito se pode falar sobre este grande acampamento, para mostrar todas as inversões. Em que, com isso, certamente, jamais será um país, uma nação. Quem já viveu bastante sabe que isso é fato, não seremos ninguém, pelo menos nos próximos 525 anos.

Alguém tem esperança que este país algum dia enterrará Charles De Gaulle e se tornará sério? Apenas se não viver aqui e continuar sem capacidade alguma de aprendizado, ou continuar acreditando, convenientemente, em estórias da carochinha.

Brasil, acorde, passou da hora.

Jornal DCI de 16/11/17

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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