O Brasil, sempre uma incógnita
Temos visto os mais diversos economistas, órgãos de imprensa, tanto brasileiros como estrangeiros falando sobre o Brasil que nunca chega lá. E mesmo dentro do povo, muitos que já perceberam o engodo Brasil. Agora, até a The Economist percebeu os erros brasileiros, e seus próprios, ao achar, em 2009, que o Brasil agora iria. Já há muitos achando que o Brasil não tem futuro, ou tem pouco, pelo menos a curto e médio prazo.
Nossos alunos, amigos, leitores, participantes de nossas palestras, que nos acompanham há pelo menos dez anos, nunca se iludiram. E caso o tenham feito, foi por conta própria. Nós estávamos aqui, falando, escrevendo, ensinando, tentando evitar que se enganassem. Quem nos ouviu sabe de tudo isso há no mínimo uma década. Até mais. Quem achou que estávamos errados, que éramos pessimistas como muitos dizem, devem estar agora, talvez, arrependidos.
Como sempre dissemos, e reiteramos, não somos pessimistas. Nem tampouco otimistas. Somos realistas, e ao extremo, como poucos. A verdade é uma só, não comporta variações, desvios, subterfúgios. A verdade é ou não é, ponto final. E somos orgulhosos disso. Alguns poucos tinham que ver, e nós estamos nesse meio. Temos a absoluta certeza de que sempre mostramos o caminho. Demos as ferramentas. Mostramos como fazer. Nossos artigos costumam ser didáticos e de solução. Não apenas de constatação dos problemas, mas dizendo o que fazer.
Quem tem nos lido, e já leu nossos artigos “Brasil: Buraco 2020”; “Marolinha ou marolona”, o primeiro e o retorno; “Destruição do Brasil”; “Combustível e incompetência”; “Quem sou eu?” “Emprego sem crescimento?”; “No tempo dos Faraós”; “Judiciário e os ministros”; “Porto de Santos 2024”, o primeiro e o retorno, e dezenas, quiçá centenas de outros, não está nenhum pouco surpreso. Já sabia de tudo isso com a qual a Economist acaba de se surpreender e se decepcionar.
Em 2004 e em 2007, salvo engano de datas, em entrevistas a jornalistas sul-coreanos, já havíamos falado sobre tudo isso e os crassos erros cometidos e a serem cometidos e ficaram surpresos. Não acreditaram. Só lhes pedimos tempo, que ficassem atentos e de “olho aberto”, e que no futuro reavaliassem. Devem estar também pasmos agora. Todos estão. E, como dissemos, estão porque quiseram. Os brasileiros idem.
Temos um país e um governo que valoriza a bolsa-esmola. Que valoriza o baixo estudo. Estes dão votos. Mantêm na coleira os eleitores. A maior carga tributária do planeta, nominal de 37%, mas real, segundo sempre dissemos e escrevemos, de uns 50-60% não dá estudo adequado. Muito menos saúde. Segurança nem pensar. E muitas outras coisas mais. Somente serve, conjugada com a eterna maior taxa de juros do mundo, para sustentar a máquina pública, desvios de conduta e pagamento do serviço da dívida interna. Enquanto isso, apenas cerca de 5% dessa astronômica carga tributária recolhida, de R$ 1,6 trilhão de reais é colocada a serviço real e física do povo brasileiro.
Quando falamos em carga tributária real de 50-60% queremos dizer que se paga essa enormidade de recursos, e todos têm que pagar pelo estudo, pela saúde, pela segurança. Isso é imposto disfarçado que ninguém percebe. Pagamos uma enormidade de impostos gerais. Pagamos altos impostos sobre a compra de nossos carros, pagamos IPVA (antiga TRU –Taxa Rodoviária Única para os mais antigos), e temos que pagar pedágios. Esse é o povo que defende seus direitos? Quando e onde?
É claro que é melhor andar em estrada boa. Mas não temos que pagar mais por isso. Já pagamos e muito. E quem se tocou com isso? Quem já protestou ou escreveu? Se já pagamos por tudo que citamos acima, o Estado tem que nos dar estrada boa. E se ele quer terceirizar, como é o caso dos pedágios, que ele então pague aos concessionários. É uma terceirização da administração de suas estradas. Se for para nós pagarmos temos que ser livres dos impostos que deveriam sustentar as estradas. Ou um ou outro. Perguntamos novamente, esse é o povo que defende seus direitos? Quando e onde?
Só para relembrar um pouco, já que somos suficientemente “véinhos” (sic) para isso, e para mostrar que somos um país sem memória, sem defesa de direitos, vamos relembrar a TRU citada acima. No passado, a TRU era a anuidade que pagávamos no licenciamento de nosso carro. Quando se foi criando mais despesas para nós, para andarmos naquilo que já pagávamos, começou a haver contestação.
Já que a TRU era a Taxa Rodoviária Única, e isso e os impostos gerais já nos davam o direito de utilizar as vias públicas, por que tínhamos que pagar mais adicionais? Ai os espertos de plantão, e o governo é sempre mais esperto que a maioria do povo, mudou a TRU para IPVA – Imposto sobre Veículos Automotores. Pronto, já não era mais para as vias públicas, mas um taxa para ter o carro. Já não era mais dobrado. E ai brejeiro? Para ter o carro já não o pagamos? E não pagamos também substanciosos tributos na sua compra? Não continua sendo dobrado?
Brasil, até quando serás um país que anda de “quatro”? E de “quarto’ mundo, que muitos ainda, sem conhecimento, o acham de terceiro? Até quando?
Jornal Diário do Comércio
Jornal DCI (Incógnita Brasil)