Olimpíada, atletas e o país
Depois de sete anos da data em que “ganhamos” o direito de sediar a Olimpíada 2016, no maravilhoso Rio de Janeiro, ela ocorreu e já acabou. Maravilhoso, sem dúvida, principalmente pela configuração geográfica, cuja natureza foi pródiga com a cidade, umas das mais belas do mundo, se não a mais.
Por este aspecto, não havia qualquer dúvida de que os visitantes gostariam demais daqui, e se divertiriam muito. Nem há como não gostar, esquecendo-se de seus praticamente eternos casos de violência, dificílima de controlar ou extinguir. Felizmente, como ocorreu na Copa 2014, houve uma “trégua” durante os jogos. Mas, cuja vida “normal”, todos sabem, já está pronta para recomeçar.
A Olimpíada, do ponto de vista dos jogos, foi um sucesso, e de beleza também. A sua abertura foi arrebatadora, enchendo os olhos de todos. A escolha dos personagens para condução e acendimento da Tocha Olímpica, no Maracanã, foi acertadíssima. Pena Pelé, o maior atleta de futebol de todos os tempos, e atleta do século conforme o Comitê Olímpico Internacional, não pudesse ter estado presente. Assim como foi com o grande Muhammad Ali nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996.
As obras, a despeito de tudo de “errado” que aconteceu, e que pode ter custado o inimaginável antes do começo, ficaram bonitas. Tivemos problemas que não poderiam ter ocorrido, alguns absolutamente ridículos. Como falta de lanches e filas de horas, água da piscina verde – essa nem merece comentário – queda de uma câmera de transmissão, etc. Puro amadorismo de país pobre e subdesenvolvido.
Na parte dos jogos em si, batemos nosso recorde ao ficarmos em 13º lugar no quadro de medalhas, com 19 ao todo. Com 7 de Ouro, 6 de Prata e 6 de Bronze. Com medalhas em modalidades inimagináveis. E até um recordista brasileiro em medalhas numa só edição. Um jovem e desconhecido canoísta.
Ficamos longe das estimativas de colocação entre os 10 melhores países. Um sonho de verão e inverno, puro chute antes dos jogos. Todos sabiam que isso não ocorreria, e venderam ilusões. Não é porque se joga em casa que se é favorito. O desempenho de atletas, em nossa modesta opinião, é sempre o mesmo em qualquer lugar. Vide, por exemplo, Usain Bolt e Michael Phelps aqui. E nossos atletas também no exterior. O local não faz diferença para os preparados. Fator casa tem pouca ou nenhuma influência. O caso do futebol, que poderia servir como argumento, nem pode. Todos os locutores esportivos, antes dos jogos, diziam com todas as letras que o Brasil foi o único a levar o futebol a sério e ter força máxima.
O que faz influência é a preparação, o investimento. Ser a Pátria dos esportes, não apenas a Pátria do futebol. Assim mesmo apenas do masculino.
É necessário que o país tenha espírito esportivo. Invista no esporte. Tanto a iniciativa privada quanto o governo. Nas empresas privadas, nas estatais, nas universidades de um e outro. Vide o que aconteceu com o Reino Unido, e que não fizemos aqui. Eles promoveram a Olimpíada de 2012 e se prepararam para isso. Foram tão bem sucedidos que, no Rio, ganharam mais medalhas do que em Londres.
Fenômenos podem existir, desses que não precisam de ninguém. Mas, precisamos nos conscientizar que isso é muito difícil. É necessário saber que na maioria das vezes, os atletas são diamantes brutos, que precisam de lapidação. Necessitam de patrocínio, atenção, dedicação, excelência em equipamentos e locais de treinamento e estadia, para que possam ser lapidados. É só verificar que as potências esportivas são aquelas que investem muito nisso.
Nas universidades norte-americanas há esportes, há times de várias modalidades esportivas. Quem vê um simples filme no cinema vê que isso acontece. Nada surge pura e simplesmente do Espírito Santo. E os Estados Unidos da América e o Reino Unido, por coincidência os dos primeiros colocados aqui, mostraram claramente isso.
Se o Brasil quer ser uma potência esportiva, não pode apenas esperar pelos atletas, Que, aliás, foi isso que ocorreu no Rio 2016. Foram os atletas que ganharam medalhas e não o Brasil, que praticamente nada faz pelo esporte.
Temos que implantar a educação física “séria” nas escolas, não apenas para inglês ver. Colocar a garotada para praticar esportes desde o pré-primário, passando pelo ensino fundamental, médio e superior. As universidades têm que ter programação esportiva. Todos os níveis do ensino têm que ter time de tudo, campeonatos permanentes. E, claro, uma política de incentivo ao esporte, do Estado, em todos os níveis, municipal, estadual e federal.
Assim como o Estado obriga que todos tenham escola, tem que obrigar que todas as escolas tenham esportes e que todos pratiquem de tudo. Com a prática, cada um vai se direcionando para o esporte com qual se identifica e ajuda o Brasil a se tornar uma pátria esportiva.
Uma nação sadia, com probabilidade de crescimento e desenvolvimento, precisa ter em conta que seu primeiro dever para isso é a educação. E educação se divide em estudo, real de fato, não pura enganação, e esportes. A conjugação desses dois fatores básicos construirá uma nação melhor, não um mero grande acampamento como somos hoje, e do qual já falamos e escrevemos muitas vezes.
Brasil, hora de acordar, levantar, trabalhar esses dois importantes itens, que levará o país ao desenvolvimento real. Não podemos entrar para torcer, mas para ganhar.
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