Transporte e setor de seguros

Todos nós que trabalhamos na área de transportes, bem como na de seguros, sabemos bem os problemas que se enfrenta no dia a dia da atividade. Em primeiro lugar o seguro, aqui talvez com algum exagero, é quase um ilustre desconhecido. A população brasileira ainda não está acostumada a segurar tudo que precisa e deveria. Embora não seja uma situação drástica, é quase isso.

Se verificarmos o quanto o seguro representa do PIB – produto interno bruto do país, veremos que não estamos muito distantes dessa afirmação. O seguro de automóveis, por exemplo, que é dos mais populares, todo mundo conhece, deixa muito a desejar em segurados. Pelo que se sabe, não mais que uns 20-30% da frota brasileira de veículos é segurada. Considerando o trânsito caótico nas grandes cidades do país, e em muitas das não tão grandes, isso soa estranho. Ainda mais considerando que as vias públicas existentes não são suficientes para eles.

Há algum tempo, acreditamos que uns 2-3 anos, se a nossa já quase cansada memória não nos trai, lemos uma matéria sobre uma dissertação de mestrado que quase nos deixou de cabelo em pé. Mesmo considerando que já não temos quantidade suficiente para tanto. Ela dizia que, segundo esse estudo, não mais que 1/3 dos automóveis de São Paulo saiam às ruas diariamente. E vivemos essa loucura toda, fartamente conhecida. Gelamos ao pensar no que ocorreria se, em algum dito dia, metade, apenas metade da frota saísse às ruas. Provavelmente muita gente nem conseguiria sair de sua garagem face ao pesado trânsito. Sem falar no número de furtos e roubos de veículos e carga. Uma fortuna nesse país do nunca antes.

Se formos ver a quantidade de residências seguradas no país, ai então estaremos certos ao afirmar que realmente o seguro é um ilustre desconhecido. Não tanto quanto o Incoterms, obviamente, mas também nessa categoria. E se verificarmos o preço do seguro residencial então, será absolutamente inacreditável. Custa, anualmente, para uma casa de cerca de quase um milhão de reais, bem menos do que se gasta para morrer, fumando diariamente (sic). Nada contra quem ainda fuma, é apenas um exemplo prático e rápido.

E, assim se pode falar dos mais diversos ramos de seguro. Aqui podemos falar também no comércio exterior. Em que, segundo também se sabe, metade, mais ou menos, das importações brasileiras, são realizadas sem a contratação do seguro. Joga-se fora uma bem feita logística, se for o caso, por uma merreca de valor. Nossas vendas CIF, CIP e no grupo “D” dos Incoterms é residual. Não conseguimos vender serviços.

Aliás, como tudo em nosso comércio exterior, onde se sabe que não vendemos, mas somos comprados. Assim não conseguimos avançar dos irrisórios cerca de 1,3% da corrente de comércio mundial que representamos. E um seguro de comércio exterior custa uma bagatela. Em geral é bem menos que zero vírgula alguma coisa. E muitas vezes até bem menos que isso. No entanto, parece que mais importante que esse irrisório valor, é viver perigosamente. Um hobby nacional.

Precisamos profissionalizar o seguro. Não estamos falando em relação aos profissionais da atividade como seguradores, resseguradores, corretores. Embora tenhamos problemas nela como em qualquer atividade. Estamos falando nos profissionais e pessoas que contratam seguro. Tanto coberturas de transporte na exportação, importação, quanto no mercado interno. Bem como coberturas adicionais como complementares ao básico de transporte. É preciso olhar com mais carinho para essa área.

Para melhoria dessa atividade, em 2012, fundamos, em São Paulo o CIST – Clube Internacional de Seguros de Transportes. Este Clube tem por finalidade suprir algumas dessas falhas. Se possível, todas. Estamos todos empenhados nisso. Embora nós, pessoalmente, não estejamos mais na Diretoria de Comércio Exterior face à natureza do nosso trabalho de professor, escritor e consultor. Nossas viagens não permitem nossa participação integral. Assim, ficamos na situação de colaborador informal. Sem atrapalhar, ajudando.

O CIST, ciente de suas responsabilidades para com o país, e ainda em seu início, apenas no segundo ano de atuação, resolveu criar o seu primeiro grande evento. Assim, realizará o “1º. Simpósio do Clube Internacional de Seguros & Expo CIST” que acontecerá em São Paulo, nas dependências de um grande hotel, em 21/11/2013, com a intenção de mudar o atual quadro.

Para maior conhecimento do evento, e participação, sugerimos contatar o CIST através de seu site www.cist.org.br

Jornal Diário do Comércio

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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