Santos Export e necessidades do Porto
Nos dias 11-12/09/2017 foi realizado em Santos, por a A Tribuna, o importante evento anual, Santos Export 2017. Foi sua 15ª edição. O que significa já ser uma tradição na cidade. Foi um evento muito bom, em que tivemos a honra de ser convidados pela organização, por indicação do amigo Ozires Silva, para proferir a palestra de abertura no dia 11/09. Em substituição ao ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República que abriria o evento.
Mostramos que muita coisa precisa ser mudada em relação ao porto: a dragagem, os acessos e sua administração.
Quanto à dragagem, temos que ter mais critério ao realizá-la. Há poucos anos ela foi implementada por quatro anos, com gasto de R$ 200 milhões, para levar a profundidade do porto de 11,2 metros para 15 metros. Ao término, tínhamos apenas 12,4 metros, que mal justificou a ação. Inacreditavelmente, o resultado da dragagem foi verificado apenas após o seu término.
Precisamos de mais seriedade. A dragagem precisa ser verificada diariamente. Não se pode apenas entregar a dragagem a alguém e esquecê-la. Os recursos, escassos precisam ser bem usados. Mas, colocamos que embora seja importante, não é tão urgente em face da pouca carga que temos no país. Que na direção norte-sul é apenas 2% da mundial. A leste-oeste representa 98%. Assim, pode-se planejar bem e esperar um pouco, pois os navios atuais, de até 10.500 TEU (twenty feet or equivalent unit) (container de 20 pés ou equivalente, de 6,09 metros) não entram nem saem cheios do porto.
Premente mesmo são os acessos, que são precários. A rodovia Anchieta, construída nos anos 1940, não apresenta muitas possibilidades de melhoria, embora algumas ações pudessem ser feitas.
A rodovia dos Imigrantes foi mal planejada. Pensada apenas para automóveis e pessoas. Um contrassenso, considerando descer para o maior porto da América do Sul. Com 6% de declividade, que significa descer 60 metros de serra a cada 1.000 metros percorridos. Impossível para a descida de veículos pesados.
Outro problema é o Rodoanel Sul, também mal planejado e construído. Enquanto os trechos norte e oeste têm quatro faixas em cada pista, o trecho sul foi construído com apenas três faixas. Quem pode pensar uma importante via dessas, em direção ao porto, sem um mínimo de seis faixas em cada pista?
Propomos que se construa outra Imigrantes, apenas para veículos pesados. Iniciando a partir da descida da serra. Portanto apenas uma meia Imigrantes. Com a construção de uma alça com poucos quilômetros, com um pouco de curvas, de modo a ter 2-3% de declividade. Ou seja, a atual Imigrantes vem do planalto com uma pista e se abre em duas, criando um “Y”, perfeitamente possível. Ela será paralela à atual.
Da mesma forma, criar uma alça para o Rodoanel, pouco antes do seu encontro com a Imigrantes, descendo a Santos. Ou seja, criando aqui outro “Y”. E pode-se pensar numa nova rodovia, descendo da Regis Bittencourt para Peruíbe, aliviando o Rodoanel e a Imigrantes.
Com isso, e com mais modernização e novos equipamentos, e mais terminais construídos, o Porto de Santos, em nossa opinião, pode fazer 500 milhões de toneladas ao ano e não as 230 milhões pensadas em 2010.
Também entendemos que o porto não pode mais ser administrado pela União. Tem que ser privatizado. Alternativamente, municipalizado, como o de Itajaí-SC ou estadualizado como os portos do Paraná. As três soluções propostas já existem no país. Portanto, como se vê, nenhuma delas representa algo novo e que não possa ser realizado. Ao trabalho.
Jornal A Tribuna, Santos, 20/09/17