Ferrovia e Hidrovia no Porto de Santos

 

Temos escrito uma série de artigos sobre o porto de Santos, no sentido de mostrar os seus problemas e soluções. Na Santos Export 2017, e em artigo posterior, já mostramos os erros na construção da rodovia dos Imigrantes e no rodoanel. Rodovias mal construídas, visando apenas o lazer, esquecendo a carga e a importância do maior porto da América Latina. Falamos das ações que a cidade pode tomar para melhorar a convivência entre ela e o porto. Também sobre a hidrovia no porto.

Precisamos falar na mudança da matriz de transporte para e do porto. Basicamente a carga entra e sai pelo modo rodoviário. O melhor modo de transporte que há, conforme temos dito e escrito. Porém, o mais caro de todos os modos existentes. O que complica o custo logístico nacional. Bem como o acesso das cargas.

Precisamos de uma mudança radical, tornando a ferrovia e a hidrovia mais atuantes nas cargas de e para o porto santista. Temos visto estudos e ações nesse sentido, mas, sempre pensados e paralisados e o tempo corre. Há décadas se fala nos problemas do Porto de Santos. Desde a nossa iniciação na área. Os assuntos hidrovia, ferrovia, acessos, perimetrais, são recorrentes. Cansam a paciência e desanimam.

Precisamos de planos e ações contínuos, não esporádicos. E não apenas para ser notícia como é comum. De alguma autoridade, de alguém, de alguma empresa. Sempre no sentido de parecer que se faz algo. Precisamos de menos notícias e mais trabalho. Notícia por notícia, para aparecer na mídia é dispensável e não ajuda o porto. Ao contrário, atrapalha, pois se dá esperanças e a coisa continua mal parada.

É preciso uma união de todos os envolvidos com o assunto porto. Cada interveniente não pode mais se omitir. Já passou da hora disso ocorrer. A hora é de ação real. O país está mal, a economia em frangalhos. A melhor saída, que defendemos há décadas, é o comércio exterior. Em que se deixa de operar apenas num país com 208 milhões de habitantes, com um mercado de consumo efetivo de 20-30 milhões de almas, para ter à disposição o planeta com sete bilhões de habitantes e um mercado consumidor efetivo de, pelo menos, uns três bilhões de pessoas.

Para isso é necessário incrementarmos nosso comex. E, para escoamento, precisamos de portos adequados. E o de Santos mais bem preparado para dar conta do recado.

Nesse sentido, além dos acessos, precisamos de uma mudança na sua matriz de transporte e um aproveitamento excelente das suas disponibilidades. O uso da ferrovia, integrada à hidrovia é um passo bastante grande. A harmonização de todos os modos possíveis lá, com a integração da rodovia, ferrovia, hidrovia e a navegação de cabotagem é um passo gigantesco para o futuro do porto de Santos.

Essa integração terá o condão não apenas de facilitar a entrada e saída de mercadorias, mas reduzir o custo logístico nacional. Dos maiores do mundo, matando a nossa competitividade. Não podemos continuar tendo o dobro dos custos logísticos dos países desenvolvidos.

Estamos mais longe dos grandes mercados consumidores, situados na América do Norte, Europa e Ásia do que os demais países do mundo. Precisamos ter custos internos muito menores, para podermos perder algo na área externa e ainda ficarmos competitivos. Com isso poderemos competir melhor com Ásia e Europa um ao lado do outro, bem como com a África, na cara dos dois. A ferrovia e hidrovia entrelaçadas com a rodovia farão a sua parte se bem trabalhadas e administradas.

Avante Brasil, ainda pode dar tempo. O porto só precisa de trabalho real.

 

Jornal A Tribuna, Santos, de 13/03/2018

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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