A carne, a exportação e lição ao governo

 

Alguns poderão estranhar o título deste artigo. E considerá-lo presunção de nossa parte. Mas, quem nos conhece, é nosso leitor, não. Temos, como os brasileiros, acompanhado os problemas com nossas exportações de carne geral. Boicotes externos, problemas internos, empresas e governos sem imaginação e administrações incompetentes. O que nos entristece, bem como os pioneiros na exportação de frango.

Sobre isso, publicamos na Sem Fronteiras, da Aduaneiras, em 22/03/17, nosso artigo “Carne fraca, carne forte”. Onde mostramos o início da nossa exportação de frangos e esforços para estarmos na liderança da exportação mundial, obtida já em 1980. Exportação de mais de 4 milhões de toneladas de penosas, quase US$ 8 bilhões de dólares norte americanos hoje; 40% da exportação mundial. Quase 4% da exportação total do país.

E como isso foi conseguido? Com a competência de nossos produtores e suas direções, que sabiam como gerir um negócio promissor, e a genialidade do criador da ideia que mudaria nossa avicultura. O Nunzio Qustandi Rofa Quraitem. Que deveria ser uma lenda viva, ter estátua na entrada de cada abatedouro de exportação de frangos deste país. Mas que, pela falta de memória brasileira, e desprezo a nossos heróis, hoje não passa de um ilustre desconhecido. https://blogdosamirkeedi.com.br/?p=2091 e https://blogdosamirkeedi.com.br/?p=509 .

Mediante ideais geniais, em especial alguns ovos de Colombo, iniciou nossa exportação e nos colocou na atual posição. Dentre eles, podemos destacar três fundamentais.

Um delas, o feeling de perceber que poderíamos exportar frangos, captar as necessidades dos países árabes de proteínas. E aí, num trabalho árduo de meses, conseguiu convencer nossos produtores dessa possibilidade. A primeira exportação foi de 500 toneladas (Sadia 250, Perdigão 150, Chapecó 100) em 1975, que levou 45 dias para serem produzidos.

Outro ovo, a proposição da criação de um consórcio de exportadores, incluindo 10 abatedouros, a UNEF-União dos Exportadores de Frango. Para fazer frente à demanda de milhares de toneladas mensais, que somente um conjunto de empresas poderia comportar. O que possibilitou, já em 1980, exportação mensal de 5.000 toneladas de franguetes ao Egito e 10.000 toneladas ao Iraque.

O terceiro ovo, e que serve de lição maior ao governo, foi a ameaça do Egito de só nos pagar depois do desembarque e análise em Port Said. E como resolvemos isso? A Unef montou, na sua sede em São Paulo, um laboratório de análise do produto. Com recursos e manutenção próprios, por cinco anos. O Egito mandou cinco veterinários, que eram substituídos a cada quatro meses, para análise aqui, antes do embarque. Também usamos empresas de verificação e análise, entre elas a conhecida SGS. Para acompanhamento da produção e embarques.

E quantos frangos e embarques foram rejeitados ao longo dos anos? Nenhum. Éramos profissionais. Tínhamos consciência da nossa responsabilidade com os abatedouros, com nossos clientes e com nosso país. Patriotismo com nosso povo, nossas empresas, com a criação de milhares de empregos, e a necessidade do País de divisas em moeda forte.

E o que o País faz hoje com nosso trabalho insano da década de 1970? O que estamos vendo.

 

Site Aduaneiras 01/06/18

Jornal DCI 07/06/18

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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