Surpresas no comércio exterior – 42 (hub port, feeder port, feeder vessel)

 

Hub Port, feeder port e feeder vessel são conceitos modernos, embora já de algumas décadas. Modernos pelo fato de que são cada vez mais atuais, mais crescentes, mais utilizados. E que vêm se consolidando fortemente, estando ainda longe de estarem completos. São quase que exclusivamente para utilização de navios porta-containers.

Eles foram surgindo naturalmente, com o crescimento dos navios, tanto em tamanho quanto em calado e capacidade de carga. Hoje temos navios com capacidade para 24.000 TEU – twenty feet or equivalent unit (unidade de 20 pés ou equivalente, ou se, 6,096m), e crescendo. Os navios chegam a 400 metros de comprimento, e cerca de 62 metros de largura e, o mais importante, com calado de 15-16-17 metros.

Calado é a medida da linha d´água (a separação entre as duas cores do navio, aquela que não afunda, e a da parte de baixo, aquela q           ue submerge) até a quilha, a parte mais profundo do navio. A profundidade do porto (não calado como muitos gostam de falar, ou não conhecem a expressão correta) precisa ser de, no mínimo, um metro a mais.

Poucos portos no mundo têm essa profundidade para receber esses grandes navios, de grande calado. Sendo assim, eles não conseguem entrar na maioria dos portos existentes. Portanto, há que se reunir todas as cargas, de vários portos, num único porto, o hub port (porto concentrador) para embarque nesse grande navio.

As cargas são levadas a esses portos concentradores (hub ports) para embarque, através de navios menores (feeder vessels) que pegam essas cargas nos portos menores (feeder ports). No destino ocorre a mesma coisa.  As cargas são deixadas nos hub ports, e levadas aos seus destinos finais, os feeder ports, através dos feeder vessels. Aí temos a emissão de um só conhecimento de embarque marítimo, do primeiro ao último porto, com o armador se responsabilizando pelo trajeto total. No Brasil ainda não temos esse conceito aplicado em nenhum dos nossos portos.

Em primeiro lugar porque não recebemos ainda grandes navios que não possam entrar na maioria dos portos. E quando são um pouco maiores, nem têm como entrar ou sair completamente carregados, pelas profundidades de nossos portos.

Em segundo lugar porque não temos cargas suficientes para esses grandes navios, já que a carga mundial é 98% no sentido oeste/leste/oeste. No sentido norte/sul/norte a carga representa 2%.

Em terceiro legar, e em face também do segundo acima, temos portos extremamente eficientes e equivalentes em várias partes do país, especialmente nas regiões Sul e Sudeste.

O que temos hoje, e não deve ser confundido, é um porto predominante. No caso, Santos, com movimento de 4,8 mihões de TEU em 2021, quase metade do movimento nacional de containers. Mas, isso não deve ser confundido com um hub port, pois as cargas não são transferidas de portos menores para embarque único

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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