Brasil e crescimento econômico na história recente (Parte 2/2 – final)

 

No artigo anterior (parte 1/2) (https://webapp381390.ip-45-56-126-89.cloudezapp.io/brasil-e-crescimento-economico-na-historia-recente-parte-1-2/), falamos sobre o crescimento econômico brasileiro de 1901 a 2022, em períodos grandes e pequenos. E nossa vergonha econômica. E não entendendo porque não somos a maior economia do planeta.

Nesta parte final, falaremos do nosso crescimento econômico de 1901 a 2022, em cada década, em cada período presidencial e, se reeleito, em cada um deles e o acumulado. Bem como os dados individuais e acumulados de longos mandatos como de Getúlio Vargas, dos Militares e do PT – Partido dos Trabalhadores.

Nesse período de nossa história tivemos bons e maus momentos, como citamos anteriormente. Entre 1901 e 1980 tivemos excelentes momentos e alguns não tão excelentes, mas, longe de nos envergonharem. Mas, a partir de 1981, prevaleceram os maus momentos, embora tenhamos tido alguma alegria em anos isolados. Nada mais que isso, e que apenas serviram para amenizar o todo.

Começamos o século 20 bem, com o governo de Campos Sales, em 1901 e 1902. Nesses dois anos tivemos, respectivamente, crescimento positivo de 14,36% e negativo de -0,48%, com média de governo de 6,94%. Seguido por Rodrigues Alves, de 1903 a 1906, com média de 4,85%, tendo apresentado em 1906 crescimento de 12,73%.

Com Afonso Pena, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca e Wenceslau Brás, de 1907 a 1918, tivemos fraco crescimento, com média dos quatro Presidentes de 2,79% ao ano. Nesse período tivemos três recessões, de -3,2% em 1908 com Afonso pena, -1,25 em 1914 com Hermes da Fonseca, e -2,10% em 1918 com Wenceslau Brás. E dois bons crescimentos, de 10,33% em 1909 com Afonso Pena, e 9,4% em 1917 com Wenceslau Brás.

Com Delfim Moreira, 1919-1920, tivemos um bom período, com média anual de 10,18%. Na década de 1900 tivemos média de crescimento de 4,38%, e na de 1910, de 4,33%. Entre 1921 e 1930 tivemos crescimentos quase equivalentes nos governos de Epitácio Pessoa, Artur Bernardes e Washington Luis, sem qualquer recessão, e crescimentos extraordinários de 7,8% em 1922 com Pessoa, 8,6% em 1923 com Bernardes, 10,80% em 1927 e 11,50% em 1928 com Washington. A década apresentou crescimento médio anual de 4,62%.

Getúlio Vargas governou, primeiramente, de 1931 a 1945, e teve média de crescimento anual, nos 15 anos, de 4,42%. Apresentou crescimentos de 8,9% em 1933, de 9,20% em 1934, de 12,10% em 1936 e 8,50% em 1943. Na década de 1930 tivemos crescimento médio anual de 4,48%. Em seu segundo governo, de 1951 a 1954, teve crescimento médio anual de 6,17% no período. Em seus dois mandatos de 19 anos, apresentou um crescimento médio anual de 4,79%.

No governo de Eurico Gaspar Dutra, de 1946 a 1950, o crescimento melhorou e teve média anual de 7,64%. Com a década de 1940 apresentando crescimento médio ao ano de 5,97%. Percebe-se uma equivalência no crescimento econômico na primeira metade do século 20, década a década e, ao final, apresentando média anual de 4,75% entre 1901 a 1950.

Café Filho (João Fernandes Campos) governou em 1955 com crescimento de 8,80% no ano. Em seguida Juscelino Kubitscheck governou de 1956 a 1960, tendo apresentado 8,12% de média, com pico de 10,80% em 1958, ano em que o Brasil sagrou-se campeão mundial de futebol, na Suécia, consagrando um mito, Pelé, o ainda Rei do futebol. A década de 1950 apresentou crescimento econômico médio de 7,41% ao ano, a melhor do século 20 até então.

De 1961 a 1963, nos governos Jânio Quadros e João Goulart, tivemos media anual de 5,27% ao ano, em face dos 8,60% de 1961, na esteira do governo Juscelino.

Em 1964 iniciou-se a fase dos governos militares, com cinco Generais seguindo-se na Presidência do Brasil até 1984. De 1964 a 1966 tivemos crescimento médio anual de 4,17% com Humberto Castelo Branco. O Presidente Artur da Costa e Silva, que governou de 1967 a 1969, teve um crescimento médio anual de 7,83%. Na década de 1960 (1961-1970) tivemos crescimento médio anual de 6,22%, embalado pelo crescimento de 10,40% em 1970, ano do início do governo Emílio Garrastazu Médici.

O Presidente Médici apresentou o maior crescimento entre os militares e todos os Presidentes do Brasil, e em toda a história brasileira desde 1901. Em seu governo, de 1970 a 1973, os crescimentos anuais foram de 10,40% em 1970, 11,34% em 1971, 11,94% em 1972 e 13,97% em 1973, resultando na extraordinária média anual de 12,42%, a maior de toda a nossa história. E que ensejou o chamado Milagre Econômico, com crescimento médio anual, de 11,16% de 1968 a 1973, e 10,73% entre 1968 e 1974.

Entre 1974 e 1979 tivemos o governo de Ernesto Geisel que apresentou média anual de 6,71%, com pico de 10,26% em 1976. Em 1980 iniciou-se o governo do Presidente João Batista de Oliveira Figueiredo, o último ano de crescimento efetivo e sustentado no Brasil, com taxa de 9,23%. A média anual da década de 1970 foi de 8,67%, muito boa. Figueiredo teve média anual de 1,66%. Nos governos militares, de 1964 a 1984, a média anual de crescimento foi de 6,29%.

A partir de 1981 iniciou-se a derrocada econômica brasileira, nada mais tendo a ver com os anos de 1901 a 1980. No governo de José Sarney, de 1985 a 1989 o crescimento médio anual foi de 4,39%. Em 1990, ano do início do governo Fernando Collor de Mello, tivemos uma recessão de -4,35%. A década de 1980 foi, até então, a pior do Brasil desde 1901 em termos econômicos. Só superada pela década de 2010, que veremos adiante.

Collor governou de 1990 a 1992, deixando um país recessivo, com -1,29% de média ao ano. Com o impeachment de Collor, Itamar Franco, Vice-Presidente, o sucedeu, e teve crescimento médio de 5,39%, sendo que a média Collor/Itamar foi de 1,38%. Fernando Henrique Cardoso, que governou de 1995 a 2002, teve média anual de 2,54% no primeiro mandato e 2,30% no segundo, com média geral de 2,43% ano. A média anual da década de 1990 foi de 2,63%. O século, de 1901 a 2000 encerrou com media anual de 5,04%. Não foi um século perdido, pelo contrário, apesar das péssimas décadas de 1980 e 1990. Se elas tivessem seguido 1901 a 1980, teríamos tido um século 20 melhor.

Em 2003 assumiu o Governo Luis Inácio Lula da Silva, seguindo até 2010. No primeiro governo apresentou média anual de crescimento econômico de 3,52%, e no segundo de 4,64%, com média geral de 4,08%. Anos em que o mundo voava e crescia extraordinariamente. E que não acompanhamos, apesar do nosso crescimento maior, justamente em face da conjuntura mundial favorável. Se aproveitado, estaríamos um pouco melhor. A década fechou com média anual de 3,71%.

Na década seguinte, de 2010, o caos se instalou definitivamente no país, apresentando a pior década da economia brasileira desde 1901. Dilma Vana Roussef assumiu em 2011 e governou até 2016 quando foi apeada do poder por um impeachment. Ela deixou um crescimento anual no primeiro mandato de 2,35%, e no segundo mandato de -3,42% ao ano, com duas recessões de -3,55% em 2015 e -3,28% em 2016. Assim, com média de -3,42% nesses dois anos, e média de 0,43% nos seus dois mandatos. A média anual de crescimento do PT, de 2003 a 2016, foi de 2,51%. O Vice-Presidente Michel Temer a sucedeu, e governou em 2017 e 2018, e entregou o país com média anual de 1,32%.

A década de 2010 apresentou crescimento total de 2,5%, ou seja, com média anual de 0,25%.

De 2019 a 2022 governou o Presidente Jair Messias Bolsonaro, que mesmo enfrentando uma pandemia, a da Covid 2019, a pior da história, e uma guerra, da Rússia contra a Ucrânia, e uma consequente recessão de -3,88% em 2020, entregou o país com crescimento, ainda que pequeno, com média anual de 1,19%, recuperando a economia em 2021 com 4,60% e em 2022 de 2,90% de crescimento.

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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