O Brasil e os Esportes

 

Já começa a ser passado a mais vexaminosa derrota do escrete canarinho em todos os tempos. Claro, se algum dia se tornar passado como esperamos. Sabemos que a derrota de 1950 sempre foi presente e um tormento indisfarçável. E o seria pelos séculos e séculos não fosse a Copa 2014. Perto desta, a Copa de 1950 passou a ser uma brincadeirinha e poderá ser esquecida. Primeiro porque perdemos de 2 x 1. Segundo porque disputamos a final e fomos vice-campeões.

Nesta, fizemos um papel ruim nas fases anteriores, jogando contra seleções sem tradição. Quando fizemos o primeiro jogo com uma seleção tradicional e campeã do mundo, participamos do jogo dos sete erros, em que acertamos apenas um. Um jogo que esperamos não de torne inesquecível. Para piorar, tomamos outra goleada no jogo seguinte.

Mostramos que não tínhamos planejamento. Contamos apenas com a velha teoria de que somos o país do futebol. E contando, como se acabou vendo, com apenas um jogador de referência. Um dos melhores do mundo, mas sozinho nem o Pelé. Ele também precisava de uma equipe com bons jogadores, de seu nível ou quase.

Melhores do mundo já é um passado muito distante. Ficou nas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980. As copas de 1994 e 2002 foram vencidas, segundo nossa exclusiva opinião, sem esperar respaldo de ninguém, já sem sermos os melhores.

Talvez esta derrota, se bem aproveitada, possa ser a melhor coisa acontecida ao país. Não ao “país do futebol”. Ao país da gente, daquele que vivemos independentemente do futebol. Será bom a todos vermos que, pelo menos no nosso caso, nunca tivemos uma única conta paga pelo futebol. Mas com nosso esforço e muito trabalho. É isso que temos que pensar. Futebol é apenas um esporte, uma diversão.

Também, temos que começar a pensar que não é o único esporte que existe. O Brasileiro precisa descobrir novos esportes. Nossas autoridades precisam começar a dar atenção aos demais esportes que aqui se praticam. Que nunca foram considerados.

É flagrante, está toda hora nos jornais e televisões, a penúria com que vivem os demais esportes no país. E atletas. Em que nem nossas grandes estrelas são contempladas. Muito deles têm que ir para o exterior para se aperfeiçoar. Para ter patrocínio. As Olimpíadas estão batendo à porta, e esperamos para ver que papel o país fará nela.

O Vôlei é um esporte que tem dado imensas alegrias. Também o basquete já deu, e poderia dar muito mais. A ginástica já nos deu medalhas. A natação idem, e muitas. Também o judô. Outro esporte a dar muitas medalhas é o iatismo. O atletismo em geral tem dado alegrias. Assim, como outras modalidades esportivas, que não precisamos ficar relacionando.

É preciso que esse imenso acampamento chamado Brasil, comece a se conscientizar de suas necessidades econômicas e políticas também. Para que algum dia possamos dizer que somos um país, uma nação, não só um grande acampamento como hoje.

Mas sobre economia e política falamos sempre. Vamos continuar no esporte. É necessário que não só o governo, mas o povo volte os olhos aos demais esportes. O futebol não precisa ser nosso único esporte. Os demais não precisam ser quase solenemente ignorados. Tendo interesse neles apenas durante as olimpíadas ou grandes eventos.

É necessário que todas as nossas crianças e juventude tenham, continuamente, por exemplo, aulas de natação. Não só para competição, como para a saúde. É um esporte dito completo, ou quase. Em que nossas crianças e juventude seriam muito mais saudáveis. E claro, resvalando para o futuro. Assim como outros.

Qual a razão da população brasileira não ter olhos para os demais esportes citados e muitos outros? Culpa apenas dela? Possivelmente não. Culpa, em especial, das nossas autoridades que tratam o esporte em geral da mesma maneira que a educação. Como um produto desnecessário e de segunda linha. A televisão e as rádios idem. Somente em grandes eventos se aventuram a mostrá-los. Todos nos lembramos bem quando nosso Gustavo Kuerten foi tri-campeão de tênis de Roland Garros e líder do ranking mundial. Olhos, atenção, transmissão, etc.

Por que só gostamos de ver campeão? E que normalmente é nascido dele próprio, sem a ajuda de terceiros? Lembramos-nos muito bem dos tempos de nosso boxeador maior, Eder Jofre. E outros que poderiam ser lembrados.

Precisamos parar para pensar se não é justamente por falta de atenção, de patrocínio, de financiamentos, etc., que não temos muitos outros campeões e ídolos.

Povo brasileiro, talvez esta seja a hora. Já não somos mais, há muito tempo, os reis da cocada preta no futebol. Temos sido de segunda linha diante do que temos visto. E assim tem sido não só com nossa seleção canarinho, bem como com os times. Com exceção do que ocorreu em 2012, em que tivemos um time campeão mundial. Em compensação, em 2011, fomos humilhados pelos espanhóis do Barcelona.

Portanto, Brasil varonil, cor de anil, hora de diversificar. De olhar para os outros esportes. De pensar numa “nação” mais sadia. Numa “nação” mais pluriesportiva (sic).

Jornal Diário do Comércio

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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