Economia em conta-gotas (tuitadas)

 

Do modo como vai a nossa economia, nossos artigos “Brasil: Buraco 2020” e “Brasil 2020-O retorno“, acabarão sendo visionários, infelizmente. A situação econômica chegou a um ponto sem retorno e só uma mudança radical, como nunca antes neste país, e temos escrito, pode nos dar uma mínima chance.

É preciso começar por retirar o governo da economia, privatizar tudo, pois é a iniciativa privada que faz crescimento econômico. O governo continua destruindo empresas estatais, reduzindo sua capacidade de investimento, tirando cada vez mais delas para fechar suas contas. O governo precisa entender que deve parar de atrapalhar as empresas, tanto estatais quanto privadas, e em especial entender que somos uma economia capitalista, e assim devemos continuar.

E devemos praticar capitalismo de fato, pois no Brasil o capitalismo é sem risco, se a empresa ganha é dela, se perde pede ao governo incentivos e subsídios e a sociedade paga, o que é uma maravilha.

O déficit nas transações correntes do Brasil em 2013 foi de US$ 81 bilhões, e em 2014 a previsão é de US$ 80 bilhões(?), portanto, é o caos se alastrando. Infelizmente, estávamos totalmente certos há alguns anos, dizendo que o governo é péssimo, que a economia estava sofrendo momento terrível, inflação fora de controle, etc.

Taxa de juros selic continua muito acima do mundo, mais de 11%, permanecendo a mais alta do planeta em termos nominais e reais. Assim, só podemos continuar dizendo pobre Brasil, investimentos e consumo. No primeiro trimestre de 2014 nosso desempenho econômico foi medíocre, com consumo das famílias em -0,1%, investimento -2,1%, a indústria -0,8% e este governo falando em crescimento e culpando o restante do mundo.

Voltamos a ter estagflação, que é estagnação com inflação, e nosso PIB de 2014 ficará longe dos 2% projetados, ficando em 1%. E este governo terá média de crescimento abaixo de 2% ao ano. Isso significa redução real absoluta do nível de vida geral para o todo (não individual), pois o crescimento da população é maior que isso. Com tudo que estamos vendo deste medíocre (des)governo, o ano de 2015 também está completamente comprometido, ficando pequena esperança, talvez, para 2016-2017.

Portanto, caminhamos rumo a 4a. década perdida, desde 1981, ou seja, quase 2 gerações perdidas, com a maioria da população ainda não sabendo o que é crescimento de fato.

E com a inflação em alta, déficit público crescendo, o investimento do governo em relação ao PIB não se movendo, é o caos absoluto. Assim, percebe-se cada vez mais que 2014 e 2015 já perderam de fato para o crescimento, inflação, investimento, dívida interna, governabilidade, etc. Este governo encerra o mandato com a menor taxa de crescimento de toda a era republicana, excetuados os governos Floriano Peixoto e Fernando Collor. Com este governo, além da 3a. pior taxa de crescimento do período republicano, ele é também só 61% do crescimento da América Latina entre 2011-2014.

Pibis Parvus (PIB pequeno) e só o governo não percebe que o crescimento pelo consumo se esgotou há muito, e que crescimento se faz com investimento. Até o Banco Central cortou previsão do PIB de 2014 para 1,6%, por enquanto. O Banco Mundial também já reduziu nosso crescimento em 2014 para 1,5%, e em janeiro era 2,4%. No crescimento de 2014 vamos ganhar apenas da Argentina e Venezuela na América do Sul, por enquanto.

E também temos que aprender que para crescer 5% ao ano é necessário investir 25% do PIB, para 7% investir 30%, e não mais deixar a média de investimento do Brasil em 18% como entre 1995-2013. A China cresceu à média de 10% ao ano entre 1979-2013, porque ela investe na média 40-45% do seu PIB. Assim, é muito simples explicar a diferença entre China e Brasil. De acordo com a escola suíça IMD, em pesquisas com executivos, caímos para 54a. colocação em competitividade, entre 60 países analisados e nem poderia ser diferente. E depois da China, com crescimento médio de 10% ao ano deste 1979, tendo agora a Índia crescendo 7% ano desde 1997, será que dará Brasil no século 22?

Brasileiro trabalhou de 01/01 até 31/05 apenas para pagar impostos, sem contar o que tem de pagar, visto o governo não retornar quase nada. Poucas vezes se viu no Brasil política econômica tão errática como a que temos visto nos últimos anos, é só vai e volta, vai e volta, etc.

E após 35 anos voltamos a ser país de venda basicamente de primários, que são mais de 50% da exportação, sem industrializar e criar empregos. A exportação de industrializados cai a olhos vistos e primários já passam dos 50%, fazendo a indústria entrar, há anos, em queda livre e desaparecendo.

Argentina supera São Paulo como centro financeiro e, mesmo com a crise da dívida, Buenos Aires sobe 21 postos em ranking global do setor. Assim, Argentina ultrapassou São Paulo como centro financeiro, ficando em 25o. lugar, com São Paulo 38o. e Rio 45o., em mais uma vergonha econômica para o país.

Jornal Diário do Comércio

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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