Brasil: Buraco 2020, o retorno trágico

 

Em 27/09/2012 escrevemos e publicamos no jornal DCI – Diário do Comércio Indústria e Serviços, nosso artigo “Brasil: Buraco 2020” (https://webapp381390.ip-45-56-126-89.cloudezapp.io/?p=1684), em que previmos que, nesse ano, a nossa economia estaria destroçada. Com enorme e impagável dívida interna, sem recursos para nada. Nosso primeiro parágrafo daquele artigo rezava o seguinte:

Há cerca de uma década vimos, quase solitariamente, apontando mazelas e descrevendo o país do futuro. Ceteris paribus, sem futuro aparente. Para ter um futuro será necessário mudar tudo. Da maneira como vamos, não haverá recursos para nada em 2020. Isso, claro, sob a descrença de todos que nos lêem e ouvem. Somos realistas, e a realidade está ai, à frente de todos, para quem quiser entendê-la, tarefa difícil no Brasil atual.

E, conforme o final do parágrafo, difícil ainda hoje. Em especial que as pessoas parecem ter ficado mais cegas. E, por conta e risco, querendo ver cada vez menos. Como o Avestruz, que enfia a cabeça e pescoço no buraco para não ver o perigo.

Quando a questão não é, efetivamente, de interesse, inteligência, sabedoria, conhecimento. Há algumas semanas a BBC de Londres trouxe a público seu estudo arrasador. Que esta geração jovem, pela primeira vez na história, apresenta QI inferior a de seus pais. Algo que já sabíamos, pois quem lida conosco, sabe que há anos já dizíamos isso, com outras palavras.

E não estamos assim por conta da pandemia do Coronavirus, que só apareceu em 2020. Era a nossa situação natural. Aquela que todos os governos, de 1995 até 2018, procuravam desesperadamente para o país. A forma mais simples de controle da população para seus desejos mais sórdidos. E isso só era do desconhecimento de quem queria desconhecer os fatos. Obtiveram enorme sucesso na destruição.

Nos últimos três parágrafos daquele artigo dizíamos:

Em face da nossa enorme, impagável e crescente dívida interna, que em abril/12 chegou a 2,7 trilhões de reais, pagamos em 2011 a bagatela de R$ 237 bilhões em juros em face da mais alta taxa de juros no mundo. E ela era de 89 bilhões em 1994, 1,1 trilhão em 2002 e 2,4 trilhões em 2010. E poderá ser, pelo andar da carruagem, ceteris paribus, entre 4 e 5 trilhões em 2020, praticamente um PIB – produto interno bruto.

Assim, só para ficarmos por aqui, em 2020 não haverá dinheiro para a bolsa-esmola, aposentadorias, juros e principal da dívida, para o funcionalismo, etc. A menos que a carga tributária continue crescendo para o nível de uns 50/60/70% ou mais. Assim, deixando nada para o consumo e crescimento da economia. Ou seja, o caos absoluto.

E tudo que está aqui não é fantasia, mas realidade, e está disponível a todos. E o que está por vir pode ser um futuro negro. Ou grafite, ceteris paribus.”

Portanto, uma vez mais, infelizmente, acertamos em nossos estudos. Dissemos que a dívida interna seria de “praticamente um PIB – Produto Interno Bruto. Erramos no valor, que foi muito maior.

Quanto a ser “praticamente um PIB”, a nossa dívida interna terminou 2020 em 94%. Portanto, na mosca, na margem de erro.

Quanto ao valor, a situação ficou bem pior, pois previmos que 100% seria de até R$ 5 trilhões. E a dívida em 31/12/2020 alcançou R$ 6,947 trilhões. Nunca se conseguirá pagar esta dívida, a menos que medidas radicais sejam tomadas. Se era impagável em 1994 com R$ 89 bilhões, continuou a ser com R$ 2,7 trilhões em 2012, e mais ainda agora, com quase R$ 7 trilhões. O valor previsto do PIB para 2020 é R$ 7,446 trilhões.

Pobre Brasil! Já perdemos 528 anos a troco de nada, tendo todas as condições que nenhum outro país tem, de sermos o melhor do mundo. Certamente perderemos, da maneira como fazemos, outros 528 anos, sem que cheguemos a nada.

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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