Logística e transporte como veículos de competitividade

 

As atividades de transportes internacionais e logística tornam-se cada vez mais importantes no contexto mundial de globalização cada vez mais visível a cada dia. Quanto maior o comércio, maior a importância dessa atividade. Isso se deve a competitividade que as em­presas têm sido obrigadas a apresentar para participarem do jogo internacional de comércio exterior. Jogo este cada vez mais disputa­do e visto como uma atividade de suma importância, tanto para empresas como para países.

É de conhecimento público que os tempos mudaram na economia e que há muitos anos, as empresas já não têm mais a oportunidade de obter ganhos consideráveis na produção e comercialização. Isso só ocorre agora em casos excepcionais, e de monopólio ou oligopólio. A concorrência é cada vez maior e os preços são internacionais. Pode-se obter os mesmos produtos com a mesma qualidade e preço em qualquer parte do mundo.

Nesse sentido, há bastante tempo já não existe mais a antiga e conhecida equação “Custo + Lucro = Preço”. Isso quer dizer que o vendedor não decide mais qual o preço de venda do seu produto ou serviço a ser colocado à disposição do consumidor, a não ser em raras oportunidades. Hoje, eles são colocados no mercado e este, sobera­namente, decide quanto vai pagar na sua aquisição. Assim, a nova equação econômica que tem predominado no mundo único e sem fronteiras em que vivemos é “Preço – Lucro = Custo”.

O que isso significa e qual a atitude dos provedores de bens e serviços ao mercado? Significa, simplesmente, que só resta às empresas, cada vez maiores e mais globalizadas, adaptarem seus custos de produção e distribuição aos preços recebidos. Dentro disso mantendo uma margem de sobrevivência que lhes permita dar um retorno adequado a seus acionistas. Assim como continuarem investindo para permanecerem competitivas e no negócio.

Isso explica parte da corrida em que as empresas se engaja­ram há algumas décadas por eficiência e redução de custo. O que tem sido alcançado através de mais tecnologia e racionalização do trabalho e menos mão-de-obra.

É nesse contexto que, hoje, o conjunto transporte e logística tem sido encarado como uma das mais impor­tantes atividades do comércio exterior. Bem como também nas operações internas. Diante disso, acompanhamos nas últimas pouco mais de duas décadas as empresas brasileiras criando departamento, dire­toria ou unidade independente de logística, conceito que vem se alastrando rapidamente desde a nossa abertura econômica em 1990. Já foi entendido por quase todo mundo que é nesse conjunto que se pode obter os maiores ganhos através da redução de custos. Mormente em nosso país onde, sabidamente, este item sempre en­grossou as fileiras do famigerado Custo Brasil. E fortemente alimentado pela nossa conhecida incompetência logística, devido à péssima matriz de transporte que temos e problemas de infra-estrutura.

Com a privatização de operações portuárias a partir de 1995, conforme a Lei nº 8.630/93 – pena não ter havido uma privatização portuária de fato, com vendas de ativos – onde o traba­lho passou a ser realizado pela iniciativa privada, a logística ganhou uma importância sem paralelo na história de nosso comércio exte­rior, passando de coadjuvante a ator principal.

Aliado a isso, os modos de transporte interno como a cabotagem, a ferrovia e a hidrovia têm se trans­formado numa boa opção de racionalização e redução de custo de transferência de carga. Isso tem sido demonstrado com a privatização das ferrovias, que embora ainda não tenham cumprido o papel que lhes está reservado, já apareceram bastante e estão em crescimento contínuo, bem como pelos investimentos realizados na hidrovia, embora muito poucos. Esses três modos podem, e devem, com o tempo, revolucionar e provocar mudanças na matriz de transporte, principalmente de pro­dutos de baixo valor agregado, como agrícolas, fertilizantes, miné­rios, etc., já que eles apresentam os mais baixos custos de transporte entre todos os modos.

Com o importante avanço que está sendo apresentado pela navegação de cabotagem, que tem sido olhada cada vez com mais atenção pelos embarcadores e seus prestadores de serviços, crescem as formas viáveis de se levar uma carga de seu ponto de origem a seu destino, tanto internacional como localmente, bem como para nossos portos.

Hoje, portanto, a empresa tem que se valer dos modernos conceitos aplicados na área de movimentação e transferência de mercadorias, ou seja, visualizar a logística como uma arma poderosa de sobrevivência e superação de dificuldades. Bem como uma chance de se colocar à frente de seus competidores, tanto a realizando por conta própria como de forma terceirizada. Caso contrário, estará perdendo a oportunidade que a história estará lhe dando para atingir os seus objetivos primários já citados.

Pena que nesse conhecido contexto, o governo não tem participado com a sua parcela de indutor do desenvolvimento. Por um lado não investindo o suficiente na infra-estrutura brasileira. Por outra, não repassando à iniciativa privada a responsabilidade pela construção e investimento de portos, aeroportos, hidrovias, ferrovias, etc.

Com esse descaso, o governo ainda não percebeu a importância da logística para o país. E nem se deu conta da classificação que o Fórum Econômico Mundial tem para infra-estrutura no mundo. E que nos coloca, em 2013, como a 107ª colocada no mundo. Individualmente, estamos 91º em ferrovia, 110º em rodovia, 122º em aerovia e 135º em portos. Uma vergonha perante nós mesmos e o mundo.

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Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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