Reescrever o Brasil
O Brasil precisa ser reescrito. E muitos já perceberam isso. E se não ocorrer rapidamente, então 2020 e o “holocausto” estarão na esquina. Já mostramos várias vezes o que poucos no Brasil vêem, e cuja corrente começa a crescer.
A economia brasileira está absolutamente sem controle. Com uma equipe econômica que ninguém mais no país considera que exista ou dá confiança. Que é pura lenda. Muito pode ser apontado, já que toda a política econômica do país está completamente errada. Não vamos usar o termo equivocada, pois é leve demais para a ocasião. E não apenas os nativos no país já não dão mais crédito ao país. O exterior já percebeu e deixamos de ser a menina dos olhos que éramos.
O Brasil tem as melhores condições de todo o mundo para ser o melhor país do mundo. Tem o que ninguém tem, em seu conjunto. Uma costa marítima de 7.500 quilômetros. Com condições de ser um país marítimo fantástico. Temos um subsolo maravilhoso com minérios à vontade. Uma floresta amazônica absolutamente fantástica. Um pantanal invejável. Praias lindas para ser um país do turismo. País este, no entanto, que recebe ínfimos seis milhões de visitantes estrangeiros. Menos que muitas cidades no mundo, como Paris, New York, etc. Temos o maior território agricultável do planeta, sendo apenas o quinto maior país do mundo em extensão territorial. Temos, grosso modo, 365 dias de sol por ano. Dispensável ficar aqui alardeando mais coisas e que todos conhecem.
E, no entanto, o que somos e o que fazemos para usar tudo isso? Para ficarmos apenas na nossa área de comércio exterior, que poderia ser maravilhosa sem o governo, temos a pior matriz de transporte do mundo. Será da Via Láctea? (sic).
Temos nosso transporte interno baseado no rodoviário. Em 60% da carga transportada dentro do país. Em que as commodities estão bem acima desse percentual. Cujo transporte, como ensinamos e provamos, é o mais caro entre dentro todos os modos. Contrariamente ao que dizem todos, que o aéreo é o mais caro. Um equívoco, com desconhecimento do que significa custo. Temos os custos visíveis e os invisíveis. Este último nunca ninguém viu e falou antes. Desde final dos anos 90 escrevemos, falamos e explicamos sobre isso solitariamente.
Com isso, temos custos internos extremamente altos. Sem contar a quantidade de estradas que temos. Menos de um quarto do que tem o Tio Sam, e com apenas 11-12% asfaltadas. Eles têm mais de quatro vezes o que temos, e com 64% asfaltadas. E a matriz de transportes deles tem a rodovia transportando apenas cerca de 30% da carga interna. Há algo de errado no reino do Dinbrasil.
E se temos custos internos caríssimos, como ficam nossos custos no comércio exterior? Altíssimos, já que o custo interno é transferido para ele. E, por mal dos pecados, ainda temos uma coisa que ajuda a atrapalhar. Que surpreende sempre, ao longo dos anos, a todos. Que a posição geográfica brasileira é a pior possível. Estamos na América do Sul, longe de todos os países que interessam. Esta é a única coisa da qual o povo e o governo não têm culpa. É da natureza. Mas é culpa nossa nada fazermos para contornar esse percalço.
Na posição em que estamos, os principais e maiores mercados consumidores estão bem distantes de nós. O mais perto é o mercado norte-americano. O mais importante hoje, o asiático, está bem distante. O europeu idem. Assim, nossos fretes externos são maiores do que os dos europeus colocando mercadorias na Ásia ou na América do Norte. Como é maior do que os africanos enviando as mercadorias a todos esses grandes mercados. Como é maior do que o dos asiáticos enviando mercadorias à Europa e América do Norte, etc.
Assim, com custos internos altíssimos, agravados pelos custos externos maiores, não há como fazer direito. No mínimo, teríamos que ter custos internos baixíssimos para podermos perder nos fretes externos. Mas, o que acontece é que perdemos nas duas frentes. Como podemos ter um comércio exterior adequado e em crescimento? Já fizemos um milagre, só explicável pela alta demanda chinesa pelas nossas commodities, de passarmos nosso comércio exterior de 1% para 1,3% em uma década. Mas, ainda menor do que tínhamos em 1950.
Como se pode fazer algo melhor se o Fórum Econômico Mundial nos colocou, entre 142 países analisados em 2011, na 104ª posição em infraestrutura? Sendo 91ª em ferrovia, 110ª em rodovia, 122ª em aerovia e em 130ª em portos? E em novo levantamento em 2013, com 144 países analisados, caímos três posições em infraestrutura, para 107ª, e cinco posições em portos, para 135ª. Posição?
Ou o país resolve reescrever a sua história, porém sem o uso da filosofia do livro “1984” de George Orwell, como vem fazendo, ou a vaca, que a muito já foi para o brejo, ainda irá para o pré-sal.
Revista Brasil Comex
Jornal Diário do Comércio (O Brasil precisa ser reescrito)