Poder: 2018; 2022 ou 2026
Temos, ao longo do tempo, falado muito que o país está caminhando para uma ditadura. Poucos a perceberam ainda, mas já andou bem. É só analisar com senso crítico e não simplesmente achar que as condições não permitem e pronto, como alguns acham. O famoso “se não está a favor está contra” é, talvez, o maior sintoma disso. Estamos falando isso há uma década. E, se não está pior, é porque o atual partido no poder não o ganhou em 1989 ou 1994. Caso tivesse ocorrido, seria automático.
Mas, como foi perdendo seguidamente, foi aprendendo. E tendo paciência. Concluindo que, se entrasse arrebentando portas e janelas, nada conseguiria. Adotada a tática de ir aos poucos, ir cercando a propriedade metro a metro a cada dia, sem percepção de grandeza, daria mais resultado. Quando for totalmente percebido, será tarde.
Muitos já foram os sinais. Há poucos anos alguns pensaram em mudar a constituição para um terceiro mandato. Muito se discutiu. Não foi em frente por visão, e temos que admitir o aprendizado. Era melhor mudar sem mudanças. A criação da bolsa-esmola foi outro aprendizado. Prende-se uma boa maioria, quase um terço da população com ela. Outra operação inteligente, a manutenção dos altíssimos juros reais. Em que os ganhos bancários já são recordes por 11 anos. Nunca antes neste país. Aí se mantém “preso” o outro lado da pirâmide.
A entrega de todas as armas da nação foi uma boa tentativa, mas, desta vez, frustrada. A população percebeu. Marginais jamais entregam as armas. Compram e/ou obtém as recolhidas. O extermínio da oposição, que hoje cabe num micro-ônibus ou numa van, foi outro golpe de mestre. Portanto, pode-se perceber que se está lidando com pessoas que consertam relógios de pulso no escuro, com luvas de boxe.
E até 2026, possível término do poder atual, depois de seis mandatos (3 x 2), a fatura estará liquidada. Nos tornaremos, segundo vimos dizendo, naquela velha União soviética. Claro, se não pararmos numa Venezuela ou Cuba atuais, quase sem ter o que comer ou vestir.
Por que estamos falando em três datas no titulo, ao invés do direto 2026? Essa sempre foi nossa expectativa. Quem nos conhece sabe que sempre citamos 24 anos de poder. Mas, há alguns dias ficamos com um pouco de dúvida sobre isso. Afinal, o ex e já futuro presidente falou sobre o partido ficar no poder até 2022. Ficamos em dúvida se foi um lapso. Ou se já será candidato novamente em 2014. Ou se já prevê uma derrota em meio ao mandato em 2022.
A nação está anestesiada. Com uma ponta recebendo os recursos gerados pela classe do meio, sem qualquer esforço ou trabalho. Com a outra ponta absolutamente satisfeita com os enormes ganhos históricos. E fazendo tudo que precisa ser feito para a manutenção do panorama atual. Afinal, está grata. Até porque jamais imaginou isso. E nem que não haveria estatização da atividade como sempre se apregoou ou imaginou. Estando grata, é parceira de todas as horas.
Diante da atual situação, o que se pode fazer? O que a massacrada e quase destruída classe média real pode fazer? Estamos falando da verdadeira classe média, e não naquela suposta classe criada, da qual hoje fazem parte 54% da população do país. A consideração da classe média nos novos termos só pode ser piada. E de muito mau gosto. Para que se entenda o que queremos dizer, reproduziremos a seguir, entre parêntesis e em itálico, nota do Jornal Folha de São Paulo, de final de 2012, em que se define o que é classe média hoje no país.
“Pirâmide Social: Renda da nova classe média vai de R$ 291,00 a R$ 1.019,00 – De São Paulo: A classe média brasileira é formada por pessoas que têm renda familiar per capita entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00, de acordo com uma nova configuração definida pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência). Esse segmento social representa cerca de 54% da população, tornando a classe média a maior do país, segundo a comissão”.
Como alguém tendo uma renda per capita em menos do que a metade do salário mínimo do país, que é uma merreca, pode ser classe média? É, no máximo, com muita boa vontade, classe pobre que consegue comer um pouco.
Classe média é aquela que tem uma casa, um carro, pode pagar os estudos dos filhos, se vestir e comer bem. Ainda que tudo isso seja o mínimo. E quem pode ter isso considerando uma renda per capita de R$ 291,00? Um pouco mais fácil com R$ 1.019,00 per capita. Mas e entre as duas rendas? Assim, obviamente, isto só pode ser piada. Sendo sério, que tal os salários no governo serem estes?
E, com isso, se vai levando o povo na “garganta” (sic), que nem de longe desconfia da verdade dos fatos. O dito fica sempre pelo dito. O brasileiro não tem o hábito de ir pesquisar e ver. Um bom caso para este tipo de afirmação, que mereceria um bom estudo, ocorreu há poucos dias com relação ao PIB – produto interno bruto do país. A mandatária-mór divulgou, inclusive em entrevista a um jornal da imprensa estrangeira, que o PIB de 2012, de 0,9%, iria crescer com os novos estudos do IBGE. Que iria para 1,5%.
Dias depois o órgão divulgou uma mudança do PIB para 1,0% no ano. Qual o dado que ficou e ficará para a maioria da crédula população? O PIB de 1,0 ou de 1,5%, já que não houve qualquer comunicação ou desmentido de quem o divulgou? O Brasil é um país em permanente eleição, dia a dia, o ano todo.
Jornal Diário do Comércio