Seguros: explosão do roubo de carga rodoviária

 

A cada dia que acordamos, e percebemos estarmos vivos, vemos que a situação brasileira se agrava. É impressionante o que estamos vivendo nesta terra tupiniquim. Que, sabemos, tem tudo para proporcionar a seu povo a melhor qualidade de vida que se pode oferecer. No entanto, não há nada que esteja funcionando a contento e no mínimo que se deve.

Dentro disso podemos citar o que tem ocorrido no transporte rodoviário de carga. Temos visto que, praticamente, não há mais como ser realizado em segurança. O mínimo que seja. Em especial em São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram a maioria dos roubos registrados. No Rio de janeiro, a situação é gravíssima e a recusa no transporte coloca em cheque o abastecimento do Estado, em especial a cidade. Seguradoras já não pretendem mais segurar as cargas rodoviárias. O que era apenas para algumas mercadorias, agora é praticamente total.

Como se comportará o Estado do Rio de janeiro, em especial as autoridades, e muito mais a população, com o desabastecimento? Especialmente de gêneros alimentícios? A situação já é de desconforto total com o que os políticos fizeram à cidade e ao Estado. Agora o crime organizado, que não é de hoje, mas cresceu além da conta e faz a sua parte na destruição, principalmente da cidade. Pelo que se sabe, 70% da população gostaria de sair do país. O que certamente também é desejo de parte da população brasileira.

O que se pretende fazer quanto a isso é uma incógnita. Para não dizermos que, provavelmente, nada, considerando a situação passada e atual. Em que nada se vê de concreto.

De que maneira a população e as seguradoras podem mudar este estado de coisas? Obrigar as autoridades a serem mais efetivas no combate ao roubo de carga? Partir para a tolerância zero? É o ideal, mas como reagirão todos, em que a cada ação forte da polícia ela é fortemente criticada neste país? Diferentemente do que ocorreu há uns bons anos com Nova York? A filosofia de preservação e defesa é diferente nos dois países. Claro que muito melhor lá.

Ou obrigar as transportadoras a colocar em cada veículo, juntamente com a carga, segurança fortemente armada, como se partisse para a guerra? Que na realidade é? Mas quanto isto custará? É viável a colocação com cada veículo seguranças ou veículos rodeando-o? E como fica a questão quanto a termos no país 2 milhões de veículos de carga? Supostamente divididos entre 105.000 transportadoras, 1 milhão de autônomos? É uma situação por demais complicada. E, por que não, absolutamente inviável em termos físicos e econômicos.

A gravidade da situação é mostrada pelo fato de que, como se diz, o roubo de carga equivaleu a 1 bilhão de reais em 2015; 1,4 bilhão de reais em 2016, e pode estar se aproximando de 2 bilhões de reais em 2017.

As seguradoras, entendemos, nem tem como forçar essas duas ações, da polícia e das transportadoras. Parece-nos inviável que peçam ou imponham isso. Talvez a força delas seja não contratarem mais seguros, como forma de forçarem isso e não terem prejuízos. Mas, elas são seguradoras, o negócio delas é esse, como poderão não trabalhar mais isso?

Parece-nos que a situação é extremamente grave, e com tendências de agravamento, e muito.

É possível, quiçá, mais à frente, uma união de todos estes intervenientes. Talvez no extremo, com desabastecimento, não contratação de seguro e recusa de realização de transporte. Ou seja, paralização absoluta do país. Acreditamos que ninguém consegue imaginar uma situação dessas, chegando ao extremo de parada absoluta de um país com dimensões continentais e 207 milhões de almas precisando comer.

Fica a absurda pergunta, mas real, de como um País pode chegar a isso sem que nada seja feito? Em especial que a situação não é de hoje, nem deste ano, sendo bem mais idosa?

Perguntamo-nos se nosso artigo anterior, em que abordamos o seguro de veículos autônomos e drones seria a solução. Em que o roubo de carga seria dificultado, ainda mais se pneus e vidros dos veículos fossem blindados e impossíveis de serem danificados.

Com os drones seria bem mais complicado, pois a capacidade é diminuta, portanto, não é opção de transporte por ora, salvo pequenas entregas. Ainda mais que poderia ser facilmente abatido no ar.

Realmente estamos vivenciando uma situação inusitada neste país, inimaginável para nossas potencialidades, tamanho e população. Acreditamos que a esta altura, temos que confiar na tecnologia, que pode mudar isso. Mas, especialmente, que este país deixe de ser da impunidade. Certamente, essa é a explicação mais adequada para o que vem acontecendo com o roubo de cargas. Para não entrarmos em outros campos, que não é o objetivo aqui.

Brasil, vamos mudar nossa história de mais de 500 anos, como fizeram muitos países ao longo da história. Em especial nas últimas décadas, pela educação e firmeza, Japão, Finlândia, Coréia do Sul, China e agora na fila a Índia. Vamos deixar de ser o país do futuro, que ele não existe nunca ninguém viu. Só existe o presente, e é nele que produzimos, transportamos e seguramos mercadorias.

Acorda Brasil, o sono amortece as impressões e impede o avanço.

 

Site da Aduaneiras

Revista Fox News – agosto 2018

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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