Acordos comerciais – o retorno (versão curta)

Temos, ao longo do tempo, escrito bastante sobre acordos comercias com outros países. E que o Brasil é avesso a eles. Prova disso é o fato de termos tão poucos acordos comerciais. Apenas no âmbito da Aladi, e dois fora dela. Estes com Israel e Índia. Assim mesmo, nem todos tem abrangência total. O três acordos com o México e os dois fora da Aladi não abrangem a totalidade das mercadorias. Como se pode fazer comércio exterior assim?

Nossos vizinhos, Chile e México, têm cada um cerca de 50 acordos comercias com os mais variados países e continentes. Até com os EUA e União Européia. Com isso como estamos? Empatando há séculos. E há 33 anos a economia não cresce como deveria. Período em que o mundo e diversos países tiveram crescimentos excepcionais. Considerando nossas potencialidades é um crescimento medíocre. Média anual de 2,5%.

Muitas coisas justificam isto. Mas, a falta de acordos comerciais também é um dos graves problemas. As mercadorias entram nos países mais caros sem eles. E aqui La Nave desvia. Sempre estamos para trás e para baixo.

Agora, nos últimos meses, temos sido bombardeados com a informação de que as duas maiores economias do mundo, EUA e União Européia, estão costurando um acordo de livre comércio. Está certo que as tarifas deles são baixas. E que este acordo não terá um efeito muito grande. Mas, não é isso que interessa. Ele terá um efeito, ainda que relativo, e terá o simbolismo por trás. Ou seja, há um acordo comercial entre eles. Muitas vendas brasileiras podem ser perdidas, tanto para um quanto para outro.

O maior simbolismo dele é que será o maior do mundo. Com PIB regional – produto interno bruto regional de cerca de 30 trilhões de dólares. Cerca de 40% do PIB mundial de cerca de 75 trilhões de dólares. Para se ter uma ideia da discrepância, o PIB brasileiro é de 2,2 trilhões de dólares. Cerca apenas de 7% do novo bloco comercial.

Ninguém precisa ficar se estressando para querer entender porque não crescemos. Essa é a resposta mais fácil que existe. E, entre os vários e diversos motivos, temos este dos acordos comerciais. O que explica a falta de apetite para eles pelo governo de plantão? Aquele que enterrou a Alca depois de mais de uma década de negociações pelos governos anteriores de cá e de lá?

Acordos comerciais e ressurreição da Alca já, para ontem.

Jornal DCI

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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