Afinal, quem está desconectado da realidade?

Quem foi o quinto faraó do Egito? A seleção da Espanha jogou muito mal contra o Brasil na Copa das Confederações. Bem longe do que pode fazer em política econômica para melhorar o PIB – produto interno bruto do Japão.

O caro leitor deve estar se perguntado se enlouquecemos com estas pergunta e resposta desconexas. Não enlouquecemos, e nem estamos desconectados de nada, ao contrário. Este início é para mostrar o que está acontecendo com nosso (des)governo (sic) e nossos políticos. Estes sim, agindo, aparentemente, de forma desconexa, como o início deste artigo.

Depois de tantos anos mostrando as mazelas brasileiras em nossos artigos, aulas, palestras, conversas, e o que precisa ser feito, estamos começando a ver resultados e a ficarmos contentinhos. Não necessariamente porque alguém nos lê ou nos leva a sério. Mas, de foro íntimo, por sabermos que alguma coisa está mudando.

Depois de tantos anos agindo como cordeirinhos, ou bois sendo levados aos abatedouros para seu destino irreversível, parece que algo está mudando no povo brasileiro. Está dando a impressão de que o povo cansou de algumas coisas e acordou. Por quanto tempo não se sabe ainda. Parece-nos um pouco cedo para afirmações abalizadas de quaisquer tipos.

O que começou como reivindicação sobre tarifas de ônibus, se transformou em protesto e reivindicação mais sérios. A reclamação gerou uma pauta interessante. Levou pessoas às ruas em todas as partes do país. O gigante adormecido sobre berço esplêndido pode ter acordado, finalmente. Várias camadas da população pareciam querer participar. Embora ainda pareça um movimento da classe média e dos estudantes. A conferir. Bom que os políticos tenham sido rechaçados dos movimentos, em que uma vez mais tentaram se aproveitar. Mas, nossa pergunta é até quando. Conhecendo o Brasil, a resposta é difícil. Certo é que os fatos novos estão ai. Isso é alvissareiro.

O grande problema é saber se o povo saberá exatamente o que quer. Se ele manterá e ampliará a pauta de reivindicação. Se não se deixará iludir pelos novos falsos profetas, sempre cheios de promessas. E que estão ai à nossa frente.

Tão logo as coisas se complicaram e as manifestações se alastraram, os políticos e governantes ficaram perplexos. Agindo da mesma forma que economistas, governos e agências de classificação de risco na derrocada da economia mundial em 2008. Que não previram dias ou meses antes. E por que não quiseram. As coisas estavam acontecendo. Tanto em 2008 quanto agora no país.

O que obrigou governos e políticos a recuos “estratégicos” e impensáveis. Foram levados pela onda e tiveram que se agarrar ao que havia pela frente. Os intocáveis Governo Federal e Congresso Nacional se “’tocaram”. E estes votaram de emergência contra coisas que lhes interessavam e que jamais votariam daquela forma.

Mas, como seria de se esperar, não entregaram os anéis para salvar os dedos. Entregaram as moedinhas, falsas, que estavam em seus bolsos. Primeiro ato do governo foi oferecer uma constituinte. Posição logo recuada. A segunda foi oferecer um plebiscito com o que eles achavam que lhes interessaria. Também com enterro. Vê-se que o governo está mais perdido que cachorro quando cai de caminhão de mudança em cidade estranha. Ou, ao contrário, continuam mais espertos do que todo nós e fazendo da esperteza sua meta. O que nos parece o mais provável.

O povo lhes deu uma montanha de pedidos, e suas respostas nada tinham a ver com quaisquer coisas das vozes das ruas. Não vimos ninguém pedir constituinte. Nem plebiscito. Nem reforma política. O povo pediu, quanto aos políticos e governantes, o fim da corrupção. Dos desvios do dinheiro da população, já que o governo não tem um centavo que não tenha sido tirado desta. Pediu, entre tantas coisas, acima de tudo, respeito.

Uma constituinte para reforma política nada quer dizer quanto à corrupção. É claro que uma reforma política, como dezenas de outras, é necessária, mas nós a trocamos por um respeito sueco. E bem sabemos, que se querem uma constituinte, sem nenhum pedido, é, para, finalmente, “Sovietizarem”, “Venezuelarem”, “Cubizarem” (sic) o país.

Se querem fazer algo pelo povo, a renúncia, total, ampla e irrestrita é o mais recomendável. Que se convoquem novas eleições para tudo. Outra sugestão é que se permaneça, já que o povo elegeu, erroneamente ou não, mas que se faça exatamente o que o povo quer e está pedindo. Afinal, a democracia não é isto? Governantes e políticos não são, filosoficamente, empregados do povo? Então que se siga o povo e deixem de querer ser seus donos.

E ai sim, feito tudo que se tem a fazer, convoque-se um referendum para o povo dizer se quer o que lhes foi dado ou não. Afinal, não se fala tanto em democracia? Querem mais democracia que isto?

Assim, nada de espertezas querendo cheque em branco do país (plebiscito), para fazerem o que querem. Primeiro, preencham o cheque, coloquem ao nosso crivo (referendum), e diremos se queremos assiná-lo.

Jornal Diário do Comércio

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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