Arrecadação pela arrecadação

É revoltante ver como o brasileiro tem sido enganado. E, não só pelo governo. Também por conta própria. Desde que não se disponha a ler, analisar, ver o que está ocorrendo, é cúmplice. E é estranho ver as pessoas sendo cúmplices em tramas contra si mesmas. É o que se pode denominar de suicídio. O que explica isso no brasileiro? Por que não se preza?

Na questão da arrecadação e o que retorna é notório. Quase nada. Por que não conseguimos ver? O governo está sempre agindo de forma inadequada, e o faz até de forma inteligente. Claro que para si mesmo e não para os governados. Para aqueles a quem fingem governar. É a genialidade do prof. Gavião, e não a do Prof. Pardal. Dois fantásticos personagens de Disney, inteligentes, inventores. Mas, um para o mal e o outro para o Bem. Quando louvaremos o Prof. Pardal, e não o Prof. Gavião?

Esperamos que este dia não esteja longe. Que ocorra pelo menos para os próximos 100 anos, não mais. O que será fantástico e rápido para um país com 520 anos (1492-1513) (sic) que não anda.

A arrecadação de tributos corre celeremente, de modo a cortar o oxigênio do consumidor. Em 1948 tínhamos tributos em 13%. Em 1989 em 22% e hoje 38% do PIB – produto interno bruto. Com tributos reais, conforme já explicitado em nossos artigos, na realidade em cerca de 50% ou mais. O que ainda não foi percebido pela imprensa e nossos economistas, e povo em geral.

Ultimamente o governo vem praticando as chamadas boas ações. Para quem cara-pálida? Para o governo, nada para o povo, senão vejamos. São formas de enganar a todos sem que se perceba. O governo tem, nos últimos anos, praticado a política de dar dinheiro ao povo. A quem merece e a quem não merece. Ou talvez a quem precisa e quem não precisa.

Temos problemas sérios com transportes e logística, entre outros, estando entre os piores países do mundo. O que faz o governo? Dá dinheiro de quem trabalha para manter na coleira a maioria do povo. O que nós faríamos? Daríamos empregos a estas dezenas de milhões de pessoas. As colocaríamos para construir e reformar rodovias, ferrovias, hidrovias, etc. Salário ganho com dignidade e bem maior que as migalhas da bolsa esmola. E não destruiria o país com falsas políticas sociais. E criaria o desenvolvimento que precisamos. Mas, isso não facilitaria o cabresto. Ao contrário.

O salário mínimo vem aumentando exponencialmente, de forma irresponsável. Não que não se deva fazer isso. É uma vergonha um salário mínimo de R$ 622,00 quando, considerando sua criação por Getúlio Vargas, deveria estar hoje ao redor de R$ 2.500,00. Mas, não se pode recuperar tudo dessa maneira. Mas, o principal que queremos colocar é que os aposentados têm recebido reajustes menores que a inflação, reduzindo ano a ano as aposentadorias, aproximando todos de apenas um salário mínimo, que é a intenção declarada. E que é quando as pessoas mais precisam de dinheiro para suportar a velhice e o descanso merecido.

Assim, isso se constitui mais numa medida arrecadadora, e de cabresto, e não medidas sérias de país sério (isto está justificado já que não o somos). O salário mínimo é, em geral, pago pelas empresas. A aposentadoria pelo governo. Entendeu?

O governo veio com o saco de bondades de baixar ou eliminar o IPI para aquisição de veículos. Com a proposta de fazer girar a economia e provocar crescimento. Pura falácia. O modelo está há muito esgotado. Não se provoca desenvolvimento durante muito tempo com políticas de consumo. Isso se faz com investimentos, o que não tem ocorrido e somos dos países que menos investem. O resultado está ai para quem se dispuser a enxergar. O intuito é apenas de arrecadação cada vez maior.

O que isto está provocando é que se está “obrigando” o brasileiro a comprar carros – sabemos que é uma paixão do povo tupiniquim, infelizmente. Está “obrigando” o endividamento das pessoas e famílias, e os resultados já podem ser sentidos. Estão lotando nossas vias públicas indevidamente, com carros que não poderiam ter sido comprados. Além disso, não estão construindo o necessário delas. Somente na cidade de São Paulo é necessário construir pelo menos 10 quilômetros de vias por dia, para suportar a entrada de novos carros na cidade.

Sem contar os prejuízos ao meio ambiente, à qualidade de vida, o endividamento das famílias, à importação de combustíveis já que a estatal ora incompetente e politizada não está conseguindo fazer o que sabe. Não a deixam.

Ou seja, tudo é arrecadação para uns poucos fazerem com o “rico dinheirinho nosso de cada dia” o que bem entenderem, e para si. Não para o povo.

Como está a educação comparada com há 40-50 anos? Como está a saúde? E a segurança? E o saneamento básico que falta a 50% das casas brasileiras? E tudo o mais que deixamos para o leitor pensar. Não só os leitores.

Assim, fica claro o que estamos expondo. É a arrecadação pela arrecadação. Nada mais. Puro individualismo as custas de uma massa inculta, a quem não interessa que façam progressos. E nós, somente nós, continuamos empobrecendo.

Pobre povo, pobre país. E que ainda, em pleno século 21, e de extraordinário sistema de comunicação nos dedos das mãos, ainda se comporta de maneira medieval. Que ainda endeusa falsos profetas, os que procuram melhorar às custas alheias, e não próprias.

Roberto Campos: No Brasil a burrice tem passado glorioso e futuro promissor.

Jornal Diário do Comércio

Jornal DCI (Arrecadação e violação)

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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