Comércio exterior brasileiro: Quando começa?

 

Todos aqueles que militam há décadas no comércio exterior, como é o caso de muitos como nós, devem estar se perguntando a mesma coisa em vista da importância que sempre demos a esta atividade, ou seja, quase nenhuma.

Se analisarmos o nosso comércio exterior veremos que ele representa cerca de 0,8% das transações internacionais, ou seja, US$0.80 de cada US$.100.00 comercializados no mundo, o que nos coloca, por um lado numa situação desconfortável, mas, por outro lado em condição “privilegiada”, já que é possível e temos campo para crescer.

A preocupação, em nosso modo de ver, justamente por este tipo de “privilégio”, e até paradoxalmente, é que parece que não estamos muito interessados no desenvolvimento de nossa economia, na geração de empregos, no bem-estar da nossa população, o que os últimos 21 anos tem demonstrado cabalmente, já que não crescemos, efetivamente, desde 1981.

O que pode estar ocorrendo com nossos homens de negócios? Será que o desânimo chegou a tal ponto? Ou será nossa selvagem taxa de juros, a maior do mundo em termos reais? Ou talvez a carga tributária, também a maior considerando nosso PIB?

Tudo isto é um bom motivo, mas devemos nos calar, nos fechar e não fazermos nada? Será isto que a nação espera?

E quanto ao governo, o que tem feito para minimizar os problemas, ou solucioná-los? Quantos profissionais de comércio exterior há em postos chaves no governo? Quando o Mincex-Ministério de Comércio Exterior será efetivamente criado, em especial a partir do que já existe que é a Camex, de modo a remarmos todos para o mesmo lado, que é assim que um navio consegue sair de um porto e chegar a outro, o mesmo ocorrendo com todos os outros modais? Isto só ocorre porque o comandante, piloto, motorista, etc. é apenas um por veículo.

Acabamos de sair de um evento estupendo e que deveria ser o sonho de qualquer empresário, publicitário, governo, etc, e o que fizemos pelo nosso comércio exterior?

Não seria a copa do mundo a grande oportunidade de se mostrar a bilhões, ou milhões de pessoas que seja, nossos produtos através de degustação, exposição,  oferecimento ao público, etc.?

Que grande oportunidade perdemos, em especial com a nossa seleção tendo saído tão desacreditada de nossa terra e tendo voltado com tanta glória, com o mundo extasiado com a nossa seleção, nosso futebol, e porque não, nosso país, já que seu nome ecoou por todo o planeta.

Quem patrocinou nossa seleção não teria ganho em tê-lo feito? Porque não vários patrocinadores e porque não em nossa camisa? Como ficaria um ramo de café na amarelinha? Ou o desenho de um avião? Ou um frango estilizado? Isto para falarmos de apenas três de nossos produtos.

Pois é, continuamos os mesmos e sempre acreditando que Deus é brasileiro. Pode até ser, e deve ser mesmo se ainda existimos, mas Deus ajuda quem cedo madruga, diz o ditado.

revista Mackenzie-O Caderno Educacional

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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