Contra as reformas? Brasil, quando aterrissarás?

 

Qualquer brasileiro sabe, ou deveria saber, por absoluta obrigação, que somos o melhor país do mundo em termos geográficos. Temos o maior território agricultável do planeta, podendo alimentar a humanidade por todos os tempos. Temos uma costa marítima de 7.500 quilômetros, nossa Amazônia azul, podendo utilizá-la para todos os fins econômicos. Temos, sob nossos pés, dependendo do analista, entre 12 e 20% de toda a água doce do planeta. Temos a floresta amazônica com todos os benefícios que ela pode nos proporcionar, e ao mundo. Um pantanal, também com todos os benefícios possíveis. “500” dias de sol por ano.

Um povo versátil, podendo fazer qualquer coisa que queira, com criatividade infinita e suficiente para tudo. País supostamente capitalista, com liberdade econômica para se desenvolver. Uma democracia bastante razoável. Uma população grande, porém, perfeitamente adequada a um país do nosso tamanho. Um país que costuma ser bem visto pelo capital estrangeiro, portanto, com possibilidades de atrair quanto capital queira e for necessário, bastando, para isso, apenas dar as condições econômicas necessárias ao seu desenvolvimento.

E muito mais que se poderia elencar, mas que é desnecessário de tão visível. E, sem tudo de ruim que muitos países têm, como terremotos, vulcões, furações, tormentas. Não temos um tamanho pequeno, impeditivo de se fazer o que se quer. Deixamos ao nosso leitor aumentar essa relação.

Assim, Não há qualquer dúvida de que o Brasil reúne as melhores condições de todo o planeta para ser o melhor país do mundo de todos os tempos. Não temporariamente, como a história tem mostrado, em que os países se alternam como o melhor. Neste momento os EUA, com grande possibilidade de a China ser a próxima, ou quiçá a Índia. Infelizmente nunca o Brasil, que é sempre o país do futuro. Temos que ser o país do presente. O futuro não existe, nunca ninguém viu. Só existe o presente. Quem sabe mudar nosso hino, e retirar dele essa maldição do “deitado eternamente em berço esplêndido”. Temos que acordar, levantar, trabalhar.

Todos nós deveríamos saber que só a educação e o trabalho faz desenvolvimento em qualquer aspecto. E o Japão, nas décadas de 50-60-70 nos mostrou isso. A Coréia do Sul fez o mesmo a partir dos anos 70-80, e todos sabem que eles eram muito piores que nós. Mas, entenderam que só a educação e o trabalho mudariam seu péssimo estado de coisas. Todos sabem o que eles são hoje e não precisamos detalhar.

Deng Xiao Ping, em final dos anos 70, entendeu isso também e, embora socialista na sua política, tornou a China o país um exemplo de capitalismo na economia. Está chegando a vez da Índia também ir além, enquanto o Brasil vai ficando no fim da fila.

Somos o país que tem tudo e o que menos cresce, se desenvolve e dá bem estar à sua população. Agimos como os mais pobres países do mundo, que nada tem ou nem tem condições de implementar melhorias.

Somos o país que, com renda per capita de apenas 15% da dos EUA, temos um custo de produção médio 25% acima do deles. Temos uma carga tributária nominal de pelo menos 30% acima da deles e o dobro considerando a carga real.

E o que explica tudo isso é bem simples, basta um pequeno tempo de análise. Temos encargos sociais absurdos, em que a contratação da mão de obra é inviável. Só se contrata por que não há outra opção. Mas, o resultado é conhecido, custos de produção altíssimos se comparados com a maioria dos países desenvolvidos do mundo. E mesmo como parte dos Brics.

O país tem hoje, se comparado com a década de 1930, quando se criou as proteções trabalhistas para proteger os trabalhadores que vinham do campo à cidade, uma situação muito diferente. Quanto à expectativa de vida, passou de cerca de 50-60 anos para quase 80 anos. A população que vive hoje mais de 80 anos é enorme. E continuará crescendo assombrosamente nos próximos anos. Estima-se que a cada ano a expectativa de vida cresce três meses. Até meados do século, viver 100 anos será facílimo.

E nós continuamos na década de 1930, querendo se aposentar com idade pouco superior a 50 anos. Não percebendo, grosso modo, sem muitos cálculos sofisticados, que para recolhermos à Previdência Social o equivalente a um ano, precisamos de 9 anos, na base de 11% ao ano. Assim, tecnicamente, a cada 35 anos de contribuição não se pode ficar aposentado por mais de uns 4 anos. Pouco mais se considerarmos rendimentos de algum dinheiro aplicado. E também com o recolhimento dos empresários. E estes recursos devem suportar também assistência médica, pensões, estrutura da máquina, etc.

Assim, como se quer recolher 25-35 anos e ficar aposentado outros 25-35 anos? Não há sistema no mundo para isso.

E ao invés de compreender tudo isso, exigir melhor educação e estudar, trabalhar mais e duro, nós fazemos greve contra a racionalidade? Por que conseguimos ser tão irracionais a ponto de não usarmos um cérebro fantástico, a melhor máquina humana, que nos foi dada?

Greves deveriam ser feitas para exigir mais e melhor educação, melhores condições de trabalho, melhores condições econômicas, mais respeito, produtos melhores para alimentação e preservação da saúde de cada brasileiro e ser humano mundial com nossa exportação.

Brasil, quando acordarás e levantarás de seu berço esplêndido? Quando utilizarás a massa cinzenta no cérebro que recebestes?

A continuar como estamos, sempre pensando e fazendo errado, será muito interessante conversamos com a população brasileira em 2027, em 2037, em 2047.

Acorda Brasil, pense, raciocine, estude, trabalhe, seja o próximo grande país do mundo. Abandone a “Opção pela pobreza”, título e motivo de um de nossos artigos não final da década de 2010.

 

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Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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