Infraero: Estatal ou privada?

 

Há cinco anos publiquei um artigo, e que foi republicado em diversas revistas e jornais desde então, pedindo a privatização da Infraero e de todos os seus 65 aeroportos. Como alternativa, sempre desejei pelo menos a concessão das suas operações à iniciativa privada, assim como ocorreu com os nossos portos a partir de 1993, concessões ainda não terminadas e que continuam ocorrendo.

Esta é uma posição a qual não tenho tido a intenção de mudar, tanto neste caso quanto em relação a todas as demais empresas estatais que gostaria de ver privatizadas, de modo que o Estado mantenha apenas as funções de fazedor de política, isto é, políticas educacionais, de segurança, educação, de emprego, de desenvolvimento, de saúde, comércio exterior, industrial, etc. etc.

A idéia é deixar para a iniciativa privada, a criação e gestão das empresas, até porque elas tem se mostrado mais eficientes que o Estado, para ficarmos apenas neste assunto.

Embora minhas posições sejam claras a este respeito, e quem tem nos acompanhado tem percebido isto, sou obrigado a reconhecer os avanços que têm ocorrido na administração da Infraero, e nem poderia ser de forma diferente se queremos ser justos. No início de 2001 pude perceber estes avanços e o trabalho que tem sido realizado nesta empresa, digno de nota, e escrevi a respeito.

Considerei que o trabalho da Infraero era de uma profissionalidade assustadora e fortemente interessada no desenvolvimento de nossos aeroportos, serviços e comércio exterior. Assustadora simplesmente porque se isto pode ocorrer na Infraero neste momento e com esta atual diretoria, por que nunca ocorreu no passado e por que as demais empresas estatais não se pautam pelo mesmo objetivo e não seguem a mesma trilha?

Portanto, mesmo mantendo a histórica posição a favor da privatização, não é possível manter-se alheio ao que vem ocorrendo ultimamente nesta importante empresa pública brasileira.

Mesmo monopolista ela age como uma empresa privada, que persegue o lucro, a produtividade, a redução do desperdício e, em especial, não se comporta como um cabide de empregos, tornando-se um exemplo a muitas outras que devem olha-la com carinho, bem como estudar o seu modo de atuação e melhoria da sua competitividade.

Quando olhamos para a Infraero hoje, vemos uma empresa que dá lucro, eficiente, cujas cargas são tratadas da forma mais adequada possível, sendo liberadas no mais
curto espaço de tempo possível, sem a preocupação de mantê-la por qualquer que seja a razão.

A colaboração estreita e direta com os demais órgãos da administração pública, em especial com a Receita Federal, tem possibilitado melhorias impensáveis até há alguns anos.

Hoje podemos ver a Infraero preocupada com a segurança extrema de seus aeroportos, não poupando investimentos para o que for necessário.

É possível ver hoje esta empresa preocupada com o meio-ambiente  e com a flora e fauna a seu redor, cuidando para que ela seja preservada, inclusive com transferência de habitat desta última quando possível, de modo que as aeronaves não sejam atingidas, por exemplo, por algum pássaro, e tenham destino desagradável e inaceitável.

Toda esta preocupação mostra uma empresa diferente e preocupada com o país, coisa que não tem sido vista amiúde em outros setores.

É bem verdade que isto não é apenas uma virtude desta grande empresa, mas de toda a sociedade brasileira, em especial a comunidade de comércio exterior que atua no país e que tem interesse no assunto, e que tem se mostrado cada vez mais influente e interessada na participação ativa e não aceitando mais os pratos feitos do passado. Só não se entende porque isto não ocorre no geral neste país.

Com isto, a pergunta inevitável e que martela na nossa cabeça, é porque a profissionalização tem se restringido a tão poucas empresas estatais.

É claro que entendemos que isto não é política de governo, pois se fosse estaria disseminada por todas as empresas estatais, mas política e ação de poucos abnegados. O que não entendemos é porque há tão poucos abnegados no país e dispostos a mudá-lo.

Gostaria de sugerir a dissolução desta competente equipe, é claro que a meus olhos, dissolvendo-a por diversas empresas estatais de modo a implantarem esta filosofia no maior número delas possível.

Acredito que esta seria uma eficiente maneira de fazer o brasileiro voltar a acreditar em seu governo e em seus comandantes, crença que vem se esvaindo ao longo do tempo.

Gostaria de voltar a pedir a retirada desta empresa e da aviação das asas do Ministério da Defesa, onde não faz qualquer sentido a sua permanência, a não ser que consideremos que passageiros e cargas sejam um assunto de segurança nacional, o que obviamente não tem qualquer sentido.

revista Cargo News Gru

regista Infra Informe (Infraero)

revista Aviação em Revista

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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