Infraero fala com a carga – Administração profissional

 

Há cerca de quatro anos venho publicando um artigo, em diversas revistas e jornais, escrito em 1997, solicitando a privatização da Infraero e dos aeroportos. Como alternativa, pelo menos a concessão das suas operações à iniciativa privada, a exemplo do ocorrido com os nossos portos a partir de 1993.

Esta é uma posição que tenho mantido inalterada, tanto neste caso quanto em relação a todas as demais empresas estatais que gostaria de ver privatizadas, de modo que o Estado mantenha apenas as funções de fazedor de política, isto é, políticas econômica, de saúde, de educação, de saneamento, de segurança, de desenvolvimento, de comércio exterior, etc. etc.

Com isto, deixando para a iniciativa privada, bem mais competente e com recursos para investimento, a criação e gestão das empresas. Temos visto, em todos os setores privatizados, aumentos extraordinários de produção e geração de lucros, diferentemente da gestão estatal, muito mais raros, e cuja mais visível virtude, ou provavelmente seu maior defeito, é a geração e manutenção de empregos desnecessários. Embora deva-se reconhecer que é preciso gerar empregos, há formas mais adequadas para a sua realização do que através de empresas estatais utilizadas politicamente.

No entanto, algo diferente tem sido percebido na Infraero ultimamente, cujo gestão pode ser classificada como profissional e interessada no desenvolvimento. Portanto, mesmo mantendo a histórica posição a favor da privatização, não é possível manter-se alheio ao que vem ocorrendo ultimamente nesta importante empresa pública brasileira.

A Infraero desceu de seu altar sagrado de empresa pública monopolista e tem se comportado como fazendo parte do processo de desenvolvimento nacional. Está se tornando um exemplo a muitas outras que devem olha-la com carinho, bem como estudar o seu modo de atuação e melhoria da sua competitividade.

Pode-se dizer que a Infraero está, finalmente, falando com a carga e com os seus clientes, esquecendo-se de sua posição monopolista. Podemos notar que todos os esforços tem sido realizados para a concretização de uma mudança de vulto, com seguidos lançamentos de serviços para a agilização da liberação da carga, de modo que isto possa ser efetivado em poucas horas, ao contrário do que vinha ocorrendo num passado não muito distante, onde levava-se vários dias para isto.

A colaboração estreita e direta com os demais órgãos da administração pública, em especial com a Receita Federal, tem possibilitado estas melhorias impensáveis até há bem pouco tempo.

É bem verdade que isto não é apenas uma virtude da Infraero, mas de toda a sociedade brasileira, em especial a comunidade de comércio exterior que atua no país e que tem interesse no assunto, e que tem mostrado-se cada vez mais influente e interessada na participação ativa e não continuar sendo apenas uma peça passiva no tabuleiro do jogo do comércio internacional.

A burocracia estatal brasileira está começando a cansar, e todos temos percebido isto, com maior ou menor freqüência, e a estatal da liberação de carga no transporte aéreo teve a necessária lucidez para esta percepção, o que é altamente louvável e digno de nota para conhecimento geral.

A pergunta que fica no ar, a partir deste exemplo de grande significância para a economia nacional, é porque a profissionalização tem se restringido a tão poucas empresas estatais e, coincidentemente, empresas que sempre apresentaram alta performance e lucros.

A partir desta constatação é que devemos continuar lutando para que o Estado brasileiro continue com seu programa de privatização, passando as empresas estatais o mais brevemente possível para a iniciativa privada, pois não podemos continuar eternamente sonhando com as ações deste mesmo Estado que só se faz sentir esporadicamente como no caso da Infraero.

Isto sem pensar, obviamente, já que é muito mais plausível e lógico, e é o que parece estar ocorrendo, que estas ações não são tomadas efetivamente pelo Estado, mas pelos administradores destas empresas, isoladamente, enxergando mais longe do que o próprio governo. Se isto fosse efetivamente um ato governamental, e não de seus administradores, estaria acontecendo em todos os setores da vida nacional, inclusive nos ministérios, assim como tem ocorrido com a CAMEX e o MDIC, outros exemplos louváveis, e que apontam claramente para pessoas e não ação governamental, pois está ocorrendo, desde o início, apenas com os atuais administradores.

Neste sentido, conclamo as todas as partes interessadas a continuarem pressionando e, em especial, levando à Infraero suas sugestões, reclamações, etc., para que nossos aeroportos possam ser exemplos a outras áreas da vida econômica nacional. Começo sugerindo que a empresa, que é de liberação de carga e passageiros, deixe de pertencer ao Ministério da Defesa, o que não faz o menor sentido.

revista Aviação em Revista

revista Infra Informe (Infraero)

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

Share This Post On

Submit a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *