Logística, transporte e unitização como veículo prático de competitividade
A área de transportes internacionais, logística e unitização tem se tornado cada vez mais importante no atual contexto mundial de globalização, em face da competitividade que as empresas têm sido obrigadas a apresentar, para participarem do jogo internacional de comércio exterior, jogo este cada vez mais disputado e visto como uma atividade de suma importância, tanto para empresas como para países.
É de conhecimento público que os tempos mudaram na economia e que, hoje, as empresas já não têm mais a oportunidade de obter ganhos consideráveis na produção e comercialização, pois a concorrência é cada vez maior e os preços são internacionais. Pode-se obter os mesmos produtos com a mesma qualidade e preço em qualquer parte do mundo.
Neste sentido, já não existe mais a antiga e conhecida equação “Custo + Lucro = Preço”, isto é, o vendedor não decide mais qual o preço de venda do seu produto ou serviço a ser colocado à disposição do consumidor, a não ser em, talvez, raras oportunidades.
Hoje eles são colocados no mercado e este, soberanamente, decide quanto vai pagar na sua aquisição, ou seja, a nova equação econômica predominante no mundo único e sem fronteiras em que vivemos é “Preço – Lucro = Custo.
O que isto significa e qual a atitude dos provedores de bens e serviços ao mercado? Significa, simplesmente, que agora só resta às empresas, cada vez maiores e mais globalizadas, adaptarem seus custos de produção e distribuição aos preços recebidos, mantendo uma margem de sobrevivência que lhes permita dar um retorno adequado a seus acionistas, bem continuar investindo para permanecer competitivo e no negócio.
Isto explica parte da corrida em que as empresas estão engajadas por eficiência e redução de custo, o que tem sido alcançado através de mais tecnologia e racionalização do trabalho e menos mão de obra, o que vem causando boa parte do desemprego recorde que tem sido verificado no mundo, Brasil no meio.
É neste contexto que, hoje, o conjunto transporte, logística e unitização da carga tem sido encarado como uma das mais importantes áreas do comércio exterior, a ponto de diversas empresas brasileiras já terem criado uma diretoria independente de logística, conceito que vem se alastrando rapidamente, já que é neste conjunto que se pode obter os maiores ganhos através da redução de custos, mormente em nosso país onde, sabidamente, este item sempre engrossou as fileiras do famigerado Custo Brasil.
Com a privatização de operações portuárias (pena não ter havido uma privatização portuária de fato, tema de um artigo meu já publicado), onde o trabalho passa a ser realizado pela iniciativa privada, a logística ganha uma importância sem paralelo na história de nosso comércio exterior, passando de coadjuvante a ator principal.
Aliado a isto, os modais de transporte interno tem se transformado numa boa opção de racionalização e redução de custo de transferência de carga.
Isto tem sido demonstrado com a privatização das ferrovias, que começam a aparecer, e já se está trabalhando numa integração do cone sul, através da ferrovia do Mercosul, bem como os investimentos realizados na hidrovia, e que prometem revolucionar este modal de transporte, principalmente de produtos de baixo valor como agrícolas, fertilizantes, minérios já que ele apresenta o mais baixo custo de transporte entre todos os modais, e que já tem, inclusive, uma rota de integração do sul da nossa América, através da hidrovia do Mercosul, feita pelos rios Tietê, Paraná e Paraguai.
Last but not least, com o importante avanço que está sendo aos poucos apresentado pela navegação de cabotagem, que já tem sido olhado com bastante atenção por transportadores e embarcadores, crescem as formas viáveis de se levar uma carga de seu ponto de origem a seu destino, tanto internacional como localmente, bem como para nosso portos.
É claro que não só da operação de transferência de carga de um ponto a outro, isto é, da sua transformação de EXW em DDP, se constrói uma logística adequada, e que traga resultados satisfatórios mas, também, de uma boa operação nos nossos portos, aeroportos e pontos de fronteira, através de profissionais familiarizados com o assunto, pois de nada vale a montagem de um bom modelo logístico se a carga ficar parada, pagando armazenagem, ou atrasando a sua comercialização, o que pode vir a eliminar toda a vantagem obtida com o restante do processo.
Hoje, portanto, a empresa que não se valer dos novos conceitos aplicados na área de movimentação e transferência de mercadorias, ou seja, não visualizar a logística como uma arma poderosa de sobrevivência e superação de dificuldades, bem como uma chance de se colocar à frente de seus competidores, tanto realizando-a por conta própria, ou de forma terceirizada, estará perdendo a oportunidade que a história estará lhe dando para atingir os seus objetivos primários já citados.
BIA – Boletim Informativo Aduaneiras
jornal Gazeta (Vitória) (Logística, transporte e unitização)
revista Repórter Sindasp
revista Revista da Abimóvel
revista Aviação em Revista
revista Logweb