Marolinha ou marolona? de novo

 

Passados alguns anos de dois de nossos artigos sobre o futuro do país, voltamos a eles com a 3º. edição. São os artigos “Marolinha ou marolona 1” e “Marolinha ou marolona 2”.

E por eles estamos cada vez mais convencidos de que só se deve abrir a boca para dizer algo útil. E não apenas falar por falar. Ainda mais quando se é presidente e prejudica sobremaneira o país e seu ingênuo povo. A Ilha da fantasia e nossos supostos “donos” jamais se emendarão.

No Planalto Central, como é normal, em especial quando presidentes falam  pelos cotovelos, principalmente quando não sabem de nada, morrem pela boca. Mas o pior é que eles ficam bem. O povo, ora o povo, pensam eles. Não somos mais que um minúsculo detalhe.

Na ocasião em que a atual crise se instalou, nos idos de 2008/2009, ouvimos que ela seria apenas uma marolinha. E não atravessaria o Atlântico (sic).

Nessa ainda estamos pensando e não conseguimos chegar a nada sobre quem fica fora da América para a crise atravessar o Atlântico. Se os EUA ou o Brasil.

No ato dissemos a todos que queriam saber a verdade e, portanto, ouvir, o que é raro, que seria, em realidade, uma marolona. Que seríamos seriamente atingidos. Essa era a coisa mais simples de se prever e dizer, e foi o que fizemos. Nossos fundamentos econômicos eram horríveis. Hoje são dos piores que existem. Nenhuma novidade, já que procuramos por eles.

Mas todos, iludidos pelo Planalto, e por si mesmos, não deram bola. Sofremos críticas e ficamos falando sozinhos por pelos menos uns quatro ou cinco anos. Já não estamos mais sozinhos há algum tempo, infelizmente.

Ao longo de 2009 constatamos, mais uma vez, nosso acerto econômico, e que sempre se quer falar e agradar onde não se deve. Em novembro de 2009 publicamos nosso artigo “marolinha ou marolona?” para registrar.

E o pior é que a esmagadora maioria da população, economistas, jornalistas não levaram isso em conta e ficaram com o canto da sereia do Planalto. Lamentavelmente, uma vez mais botaram suas colheres no angu errado.

Parece que badalar para agradar é melhor do que contrariar. Mas não para nós, felizmente, que preferimos sempre a verdade. E não gostamos de enganar nossos alunos, leitores e amigos, que merecem respeito e a verdade. Se o país parar de acreditar em Messias salvadores e trabalhar, as coisas poderão mudar para melhor. Só trabalho constrói.

A economia, que nada sofreria, e que estaria bem, vem patinando desde 2009, quando não crescemos e, ao contrário, tivemos uma recessão de 0,3%. Em 2010 crescemos 7,5%, porém, devido à base baixa.

E esse crescimento apenas deixou a média em dois anos em 3,6% (-0,3 + 7,5%), que foi a média da década, que ficou em 3,6%. Em 2011 tivemos um baixo crescimento.

Na gestão do governo entre 2011 e 2014 tivemos, respectivamente, crescimentos bisonhos de 2,7%; 1,0%; 2,3%, e, aparentemente, uma recessão em 2014, cujo dado ainda não está divulgado. Que nos deixará com média de menos de 2% ao ano. Média vergonhosa para um governo, desconhecida até agora pelo “nunca antes neste país”.

Neste ano de 2015, que já começa com previsão de PIB – Produto Interno Bruto – negativo de cerca de 1%, esperamos que fique apenas nisso. Todos já depositam suas esperanças para 2016. Achamos que o país não tem a menor chance nem em 2016 de algum crescimento substantivo. É ano de empate novamente. Teremos sorte se for apenas empate.

Tudo que vimos dizendo vem ocorrendo, infelizmente. Como sempre falamos, qualquer um poderia ter dito isso, não apenas nós. Pena ninguém mais tê-lo feito, que teriam ajudado muito o país.

Todos sabem que não é preciso muito para se dizer o que vai ocorrer em um mês, um ano ou dez anos. Quem conhece o passado, sabe ler os sinais, tem bom senso, diz com tranquilidade o futuro do país, em especial o econômico. Para nós, economia é ciência absolutamente exata. O que se faz hoje aparece lá na frente.

Para ficarmos em apenas um dado, sempre escrevemos e dissemos que um dos nossos piores fundamentos é a dívida interna da União. Que esta destruiria o país até 2020. Também colocado em dois artigos, que em 2020 a dívida interna seria igual ao PIB. E sendo impagável hoje, sabemos como será em 2020.

Este é um assunto que não tem sido devidamente explorado, um erro mortal. Para relembrar, a dívida da União, interna e externa, atingiu 3,39 trilhões ao final de 2014, representando 66,1% do PIB. Percentual com o qual Portugal quebrou no início da crise.

Mas, todos dirão e escreverão que a dívida é de 2,3 trilhões de reais, 44,7%  do PIB. É só consultar os arquivos do governo e nosso amigo consultor Ricardo Bergamini para ver a dívida real.

A dívida interna e externa da união, que era de 88 bilhões de reais em 1994, passou a 1,104 trilhão em 2002, subiu para 2,388 trilhões em 2010, e fechou 2014 com 3,393 trilhões.

Jornais, jornalistas, economistas e governo escondem, ou não conhecem, a dívida do governo em poder do Banco Central do Brasil. Muitos dirão que o Banco Central é do governo. Não importa, é credor da União. É dívida de mais de um trilhão de reais a ser levada em conta, são títulos emitidos.

A União, segundo se sabe, paga cerca de 250 bilhões de reais em juros por essa dívida astronômica e impagável, que é hoje 38 vezes a de 1994. Isso porque o superávit primário, para pagar os juros da dívida, não atinge sequer um terço dela. E, em 2014, nem foi feita. A dívida está há pouca distância de Marte.

A maior taxa de juros do mundo, cerca de 12% ao ano, vai levá-la a ser maior que o PIB em 2020. O que devemos hoje a Portugal, Irlanda, Espanha ou Grécia? Nada.

E, pior, não temos uma União Europeia para nos socorrer. Estamos sós e mal pagos. Pobre Brasil e povo brasileiro. País que, embora tenha a maior quantidade de rios e águas do mundo, tem falta até de energia elétrica. E cuja energia está no pódio das mais caras do mundo.

Qual o futuro? 50 tons de preto?

Jornal Virtual Diário do Comércio

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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