Marolinha ou marolona

 

Como temos feito ultimamente, para colocação das coisas no seu devido lugar, segue mais um dos nossos artigos antigos, relembrando nosso passado solitário, quando estávamos sozinhos falando sobre o futuro do país “Marolinha ou marolona” publicado no jornal DCI de 31/12/2009, em complemento ao primeiro artigo sobre o assunto, que foi “Marolinha devastadora” publicado também no jornal DCI de 17/08/2012.

 

Pelo que pudemos perceber ao longo do ano, parece que, mais uma vez, abrir a boca para alguns não foi bom negocio. Em especial para nossos donos da Ilha da Fantasia. O Planalto Central, uma vez mais, pisou feio na bola e chutou fora. A crise seria apenas uma marolinha. E não atravessaria o Atlântico (sic). Parece os anos 60, em que surgiram os aparelhos 2 em 1. rsrsrs. Mas, lá, funcionavam. E, pior que isso, a maioria esmagadora da população acreditou, como tem feito sistematicamente. E bota esmagadora nisso. Mas, muito pior, muitos, muitos economistas e jornalistas também entraram nessa roda e botaram suas colheres no angu errado.

Agora, terminado o ano, pudemos ver que aquilo que escrevemos ao longo do ano, se realizou. Infelizmente para nós e para o país. Mas, consideramos melhor acertar nas desgraças, e alertar os que querem ver e ouvir, do que enganar nossos leitores e alunos. É preciso um mínimo de realismo, o que está faltando à maioria dos brasileiros. Não ter opinião e seguir a maioria não é o correto. É preciso começar a ver, entender, saber o que está acontecendo. E não apenas continuar com a conveniência de seguir a maioria. Ser minoria pode não ser o melhor no momento, mas vai mostrar, no futuro, quem tenta ajudar e quem está atrapalhando. O realismo, com certeza, ajuda muito mais.

É só vermos o que aconteceu com a economia do país. E perceber que teria sido mais eficaz falar a verdade. Bom, se é que os maus interlocutores do povo sabiam qual era a verdade. Pode ser que não, o que é mais grave ainda.

A economia, que nada sofreria, e que estaria bem, não crescerá quase nada este ano. E, segundo parece, pode nem zerar, mas ter até leve retração. Zerar já é uma desgraça para o que foi falado a todos os quadrantes do país. Isso significa andar para trás, pois a população não zerou. Ela cresceu, o que significa menor renda per capita ao conjunto dos brasileiros. Na prática, portanto, um crescimento negativo. Mesmo que o PIB – produto interno bruto fique positivo em até um ponto percentual, o estrago individual terá ocorrido.

Vamos ver se agora, os que ficam falando que o país foi o último a entrar na recessão e o primeiro a sair, caem na real e resolvam admitir a verdade. E se não foi pior, é apenas pelo pequeno mérito de alguns gestos do governo, em reduzir tributos sobre carros e linha branca. E, esperamos que também consigam enxergar que muitos países nem entraram em recessão. A china, por exemplo, reduziu “drasticamente” (sic) seu crescimento de 11% para 9%. Assim, como podemos ter sido o último a entrar e primeiro a sair? Êta país da mentira constante.

E, entrando em nosso campo, o quase verde gramado de nossas exportações resvalaram no cinza escuro. Nossas vendas externas caíram mais de 20%. Enquanto as más línguas estão dizendo que o comércio mundial vai cair menos do que isso. Assim, é fácil ver o que vivemos escrevendo e dizendo. Que o livro “1984” é o de cabeceira de Brasília. George Orwell, para que escrever um manual tão bom? Não podia ficar no mínimo ao invés de ir ao máximo?

E como está nossa dívida interna? Está em 2 trilhões de reais, quase impagável. E, de novo segundo os “fofoqueiros”, em 2002 estava entre 600 e 900 bilhões de reais, dependendo de quem fala. Também segundo se sabe, o governo atual pagou mais de 1 trilhão em juros para essa dívida. Fácil concluir que ao final do próximo governo estará perto de 3 trilhões. Assim, somos um país quebrado, que vive de impostos e manutenção da máquina pública. E de seus participantes.

Assim, como se pode pensar em um futuro? Que será da atual adolescência de hoje na sua maioridade? Cada brasileiro, hoje, deve 10.000 mil reais. O salário médio nacional não permite que a maioria dos brasileiros quite sua parcela para nunca mais ser importunado. Mesmo querendo e não comendo nem se vestindo, etc. por uma ano. Assim, repetimos, para quem quiser entender, que este é um país quebrado. Mas, quem quer ver? E quem tem condições de ver? Nas duas categorias, a quantidade de brasileiros é tão mínima, que a nossa esperança é igual ao crescimento do país em 2009. Em torno de zero.

E, com todas as bolsas, a esmola e demais, o caminho é pior que as esburacadas estradas brasileiras. Quase impossível de encarar. Mas, quem quer saber? Sabemos que estamos queimando velas com maus defuntos. Cujo cheiro insuportável está do outro lado da parede. Cuja parede ninguém está querendo cruzar. E que, parece, está se tentando, de todos os meios, retirar a porta e colocar mais parede.

Nossas velhas esperanças dos bons anos 60 e 70, em termos econômicos, deixe-se claro, não parecem querem retornar ao nosso convívio. E não é por falta de condições do país. É tudo por obra e arte de nossos governantes para quem, manter o atual status quo é a melhor condição de perpetuação.

Vai se entender isso. Durma-se com um barulho desses, como diz o velho ditado. Isso mostra que, sem investimento sério na educação, não se irá a lugar algum. E não é só na fundamental. Isso serve também para as faculdades de economia e jornalismo.

Mais uma vez, repetindo tudo, indefinidamente, até quando Brasil? Até quando?

Jornal DCI

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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