Monarquia à brasileira

 

Há alguns dias fomos a uma festa de 15 anos, de uma linda menina. E pais maravilhosos. Um conjunto esplendoroso. Bela festa, tudo transcorrendo normalmente. Após algum tempo, aparece um Mestre de Cerimônias pedindo a atenção de todos. Muito justo.

E anuncia que agora receberemos a princesa da noite. Que até poucos minutos estava entre todos. Mas, havia desaparecido para ir se vestir. E, numa escada bonita, em curva, depois de andar uns 20 metros no mezanino, começa a descer lentamente a princesa. Sob o olhar de todos. Vestido de princesa, rodado, muito bonito. Claro, sob a maior animação do Mestre de Cerimônias. E entusiasmo de todos os presentes. E princesa isso, princesa aquilo. E é anunciado também um príncipe, que aparece em seguida.

Homenagens transcorrendo, presentes, alegrias, lágrimas da princesa. E, claro, em seguida a valsa com o pai. E, após, uma dança medieval, tipo Romeu e Julieta, com o príncipe. Tudo muito bonito.

Mas, qual o objetivo disso? Apenas descrever uma festa? E ocupar um espaço precioso com ela? Não, é claro. O objetivo é bem maior. É começar a pensar no fascínio que a monarquia causa na sociedade brasileira. E que já vem de há muito. E acreditamos que nunca deixou de estar presente no nosso cotidiano.

Para isso é só vermos como se age no país com os ícones das mais diversas áreas. Temos o rei do futebol. O rei da voz. O rei da juventude. O rei da esfiha. O rei da troca de óleo, etc. Temos todo o tipo de rei no país. Todos acham que se é o máximo, então é o rei. Interessante. E, claro, também príncipes. O que é isso se não fascínio por ela? E o que dizer de “Lady Di”, a princesa Diana, da Grã-Bretanha, que sempre encantou os brasileiros? Se bem que no caso dela, não só os brasileiros.

Por que isso ocorre, não sabemos. Nunca lemos uma explicação para o ato.

Queremos chegar ao ponto sobre nosso sistema de governo. Bem como o plebiscito de há alguns anos sobre a monarquia. Que perdeu feio. Infelizmente. Votamos a favor e fomos voto vencido. Se alguém perguntar se somos monarquistas e por que, a resposta será relativa. Não é uma questão de ser ou não. “To be or not to be”.

A questão aqui é o que vem acontecendo no país. De já há muito tempo. Nossos governantes abusam o que podem da paciência do brasileiro e de seus recursos. Exploram seu lado fraco com certa indecência que é revoltante. A compra de votos é recorrente. E, mais do que nunca em nossa história, a bolsa-esmola é seu maior exemplo. Para não falar apenas dos pobres, outro exemplo marcante é a alta taxa de juros do país. Completamente incompatível com o momento atual, e com a economia mundial. Em que em muitos países a taxa de juros é negativa. E na maioria, tão baixa que torna a nossa a maior do mundo de longe. A ser vista de binóculos pelos demais países. De tal modo que ganham muito os bancos e os ricos.

Além do problema de que o presidente não é obrigado a se desincompatibilizar do cargo. Nem os governadores e prefeitos. Assim, o uso da máquina é abusivo, tirando a competitividade dos candidatos sem cargo executivo. E onde a barganha política é vergonhosa. Tudo é cargo. Pouco se vê em ministérios, verdadeiros técnicos da área, seja lá qual for ela. E as campanhas são de nível tão baixo que é preciso tirar as crianças da sala. Não só as pequenas, como muitas das que votam. É uma vergonha. E não há como retirar cada um deles da cadeira. Ganha a eleição, eles são colados nela. O povo que se vire.

Assim, aproveitamos, uma vez mais, para pedir monarquia no país. Mas, não é por simples amor à monarquia, mas ao parlamentarismo. A melhor forma de governo. Em que se coloca como primeiro-ministro alguém com poucos votos, sendo um deputado ou senador, por exemplo. Em que se pode tirá-lo a qualquer momento. Basta não fazer o que deve ser feito. Dissolve-se o governo e se tenta com outro.

O que não é possível com o presidencialismo. Não há como se ter parlamentarismo com essa forma de governo. Um presidente é eleito no país com pelo menos 60 milhões de votos. Como se pode menosprezar isso e nomear primeiro-ministro alguém com algumas centenas de milhares de votos? É impossível. Quem tem 60 milhões de votos tem que governar.

Portanto, a melhor forma é uma monarquia parlamentarista. Um rei não é eleito e nada pode reivindicar. Assim, não precisa mandar e não haverá nada de errado com isso. Nomeia-se alguém primeiro-ministro. Que não terá respaldo se não fizer o que deve. E que poderá ser sacado do cargo a qualquer momento. É o “recall” que a política brasileira precisa. Em que o povo vota, e o “povo” o pode retirar, dando-lhe um voto de desconfiança.

Com isso, teremos uma forma de governo mais estável. Em que o povo, pelo menos em tese, mandará mais. E com eleições a cada quatro anos para as casas parlamentares, governadores e prefeitos. Em que se gastará bem menos o dinheiro do povo. E os governantes trabalharão bem mais. Não apenas um ano a cada dois, já que temos hoje eleições a cada dois anos. E, importante, sem a negação da democracia, a melhor forma de convivência que há.

Jornal Diário do Comércio

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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