Plano “B” de Brasil

Voltamos, uma vez mais, à imensa bobagem de sediar a Copa do Mundo de Futebol e a Olimpíadas. Já criticamos severamente, no passado, em alguns artigos, a imensa e das maiores bobagens já impetradas contra o povo brasileiro. Em que o país pouco ou nada ganhará com isso. Muito menos a população. Somente os clubes ganharão. Se é que ganharão, tendo estádios elefantes brancos para administrar.

A manutenção desses elefantes brancos, desnecessários, será extremamente custosa. Os clubes, pelo menos a maioria deles e as autoridades, poderão não ter dinheiro para sua manutenção, Com o passar dos anos, irão se transformando, muito antes do tempo, em velharias. A média de público de nossos campeonatos é de 10-12.000 torcedores. Na Europa, com campeonatos bem idealizados, com bons investimentos, quase sem violência, a média de público é de 40.000 torcedores.

Além disso, o objetivo principal, a melhoria das cidades, não ocorrerá, como sempre imaginamos e comentamos. E não apenas nós, que muitos outros também expressarem esta mesma opinião. E que não foi levada em conta. A única coisa que o governo e esportistas levam em conta é o orgulho da realização do evento. Não levando em conta o povo, a pobreza, a falta de tudo que precisa ser feito.

Todos tomaram conhecimento dos últimos desastrosos pensamentos sobre a infraestrutura em redor. Do desenvolvimento da mobilidade. Da melhoria das cidades que receberão a famigerada, desnecessária e fora de época Copa do Mundo. O mesmo se aplicando às Olimpíadas.

O atraso é tanto que já não haverá tempo para elas. E já se fala, escancaradamente, que isso ficará para depois dos eventos. Todos nós moramos e vivemos aqui e conhecemos bem o nosso grande acampamento. As coisas jamais são feitas de acordo. E a mobilidade e tudo o mais, que tinha que ser feito para os eventos, jamais sairão do papel. Não precisamos ser pitonisa, Nostradamus, etc., para sabermos que nada será feito depois.

Assim, faremos as Copa e Olimpíadas – pelo menos por ora esta é a expectativa – sem qualquer mudança ou melhoria para o país, para o povo. Agindo como o bom Brasil de sempre, isto é, nada se fazendo. O que restará será um fantástico custo pago por todos, gostem ou não de futebol ou esporte, frequentem ou não um estádio, ginásio, etc. Será a realização do evento pelo evento, por pura demagogia e vontade única e exclusiva de dirigentes, sejam eles governamentais ou esportivos. É a vontade do aparecimento, da placa, da notícia, de suprir seu próprio e único enorme Ego.

Não há nada que se pense, faça ou se inicie neste país, que seja concluído a contento. Que dê alegrias. Que traga melhorias ou desenvolvimento.

Assim, nada ou pouco mudará na nossa infraestrutura. Nada melhorará no trânsito das cidades. Nenhuma casa a mais terá água encanada, das 50% de residências do país sem isso, que nem se pode considerar um luxo, mas necessidade absoluta. Nenhuma casa a mais terá energia elétrica, e ainda temos uma boa quantidade delas pelo país. Nenhuma criança ou adulto terá uma educação melhor em face da estúpida realização destes eventos que o país não precisa.

Que é puro invencionismo tirado da cartola do incompetente governo de plantão alojado há mais de 10 anos no Planalto da Ilha da Fantasia. Que é a política do pão e circo, complemento da bolsa esmola. Caça votos aberto e declarado e que perpetua no poder seus copiadores. Não idealizadores, que isso já é coisa mais antiga. Mas, fartamente aperfeiçoado pela inteligência oportunista da perpetuação no poder.

Assim, como sempre ocorre, e ocorreu novamente nos deslizamentos e mortes pelas chuvas que castigaram o Rio de Janeiro no início desta década, ninguém verá nada. Até hoje as casas prometidas ainda não foram entregues. E no início deste ano tivemos novos problemas sérios e iguais.

Assim, sabemos que nada será feito pelas cidades, pela mobilidade, pelo trânsito, depois dos eventos. O que tiver que ser feito ou se faz antes ou “nunca de never” (sic). Com certeza, a solução dos problemas que precisam ser enfrentados o serão com demagogia e puxadinhos.

Os aeroportos terão puxadinhos como o estádio da abertura da copa, com cadeiras avulsas a mais só para a ocasião. O trânsito será resolvido com feriados à vontade. Com férias escolares. Vamos dar aqui a ideia de aumentar os dias de rodízio de veículos. Nenhum carro com placa final de 0 a 9 (apenas estas 10) poderá sair às ruas em dias de jogos se não provar que irá a um estádio ou ginásio. Uau! Podemos dizer que estamos satisfeitos com esta ideia. Foi realmente digna de gênio. Rsrsrsrs.

Infelizmente, a contragosto, temos que ser duros e sarcásticos. Quem sabe assim comece-se a perceber que não podemos mais ser o país da piada pronta. Não podemos mais ser um grande acampamento. Que temos que ser um país. Uma nação. Um povo que sabe o que quer. Temos que parar de ser o país do “Plano B”. Temos que ter apenas e tão somente “Plano A”.

Avante Brasil. Avante brasileiros do Brasil e de todas as partes deste planeta, que para cá vieram tentar construí-lo. Acreditamos quem ainda está em tempo. Comecemos por escorraçar de seus postos aqueles que só querem se aproveitar dele.

Jornal Diário do Comércio

Jornal DCI

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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