Qual a saída para o país? Portos e Aeroportos
Há alguns anos uma piada dizia que a saída para o Brasil eram os aeroportos, e o último deveria apagar a luz (falava-se até em devolver as chaves para Portugal e pedir desculpas pelos estragos).
Hoje, para esta pergunta, eu ainda tenho a resposta como sendo portos e aeroportos, porém, diferentemente daquele passado, esta é a saída que poderá salvar a economia brasileira das nuvens negras que parecem querer pairar sobre o nosso país, em face da configuração que a economia mundial poderá apresentar daqui para a frente.
Está claro, para mim, que o mundo jamais será o mesmo depois da crise asiática iniciada em meados de 1997, com a quebra daqueles países, arrastando o planeta consigo, como bem ilustra o caso da Rússia, virtualmente insolvente.
Se as dificuldades, ao final do processo, não forem sérias para todos, pelo menos para um bom número deles isto parece inevitável e, infelizmente, o Brasil parece ser um dos países atingidos pelos estilhaços orientais.
O que podemos fazer a partir deste momento para que a crise não venha ou seja a mais branda possível?
O mercado nacional sozinho poderia ajudar a afastar os problemas que pairam no nosso horizonte? É uma opção viável, porém, não me parece que deva caminhar sozinho.
O país terá que se valer do mercado internacional, tanto para aumento de produção e vendas, como para controlar os preços internos, como tem sido a tônica nos últimos anos.
Portanto, aparentemente, a saída é o mercado internacional, e temos plenas condições para, num esforço nacional conjunto, sociedade e governo, melhorarmos nossa competitividade e enfrentarmos o difícil caminho do aumento da nossa participação na exportação mundial, para que estas divisas possam ser um contraponto para os preços nacionais.
São necessárias ações efetivas do governo, fazendo finalmente as reformas necessárias, mormente a fiscal, de modo que o país possa apresentar em seus preços finais a mesma competitividade que apresenta na produção.
Ninguém desconhece que o Brasil é um país competitivo na produção, mas que, porém, tem um alto preço de colocação do produto no exterior.
Isto é fácil de ser entendido quando se compara os altos impostos existentes no Brasil e no mundo. Temos uma das mais altas cargas tributárias do mundo, que tem se agravado nos últimos anos, arrecadando hoje, o governo, mais do que em qualquer outro período de sua história. Com este e outros fatos, por exemplo as altas taxas de juros e altos custos portuários e de transporte, para citar apenas dois problemas, quem pode crescer e ser competitivo? Obviamente que fica difícil, e por mais que se evite a maldição da pronuncia desta que já virou palavrão, é impossível não nos reportarmos ao famigerado Custo Brasil.
A parte da iniciativa privada, da qual podemos citar os exemplos acima dos custos portuários e de transporte, já está em andamento, e tem decrescido nos últimos anos, contrariamente com o que ocorre com o governo, que nunca reduz despesas, e só aumenta impostos, não sendo diferente o que está ocorrendo em 1999.
Vemos, mais uma vez, que a solução encontrada pelo governo, além de impostos, é a criação ou troca de nomes de ministérios, como se isto fosse a salvação da lavoura. Não sou contra a criação deles, conquanto sejam úteis e não se transformem em mais ônus para o país sem resolver o problema. Não devemos nos iludir, pois não é nome que muda algo para melhor mas as atitudes que se toma para isto.
O que o atual governo deve fazer é aproveitar a chance que a história está lhe dando, com um novo mandato e realizar as reformas que precisamos, principalmente porque sabemos que não foi o voto alegre da eleição passada, mas o voto conservador e assustado com o atual fantasma da crise econômica internacional que possibilitou a reeleição.
Devemos implementar a reforma fiscal necessária, não só por interesse de alguns, mas por tudo que for prerrogativa da nação, já que este, para mim, parece ser o melhor momento.
Insisto, mais uma vez, e isto sim seria uma inovação e de grande importância, na criação de um Ministério do Comércio Exterior, com uma configuração nova e apropriada, com poder de decisão, de modo que a meta estabelecida pelo governo, de 100 bilhões de dólares até final de 2002, tenha alguma chance de se tornar viável.
Acredito que a criação de um Eximbank tupiniquim também seria de fundamental importância, além de um Banco Central independente, como ocorre com o irmão do norte, que não pode estar errado sendo a maior economia mundial.
O momento é oportuno e espero que nossa sofrida nação não tenha que esperar por uma próxima eleição.
jornal Gazeta Mercantil