Retomar imediatamente os anos 50, 60 e 70, crescer e ser feliz

 

Quem viveu nos anos 50, 60 e 70 deve estar desesperado com o que vem acontecendo durante os últimos 26 anos. Era feliz e não sabia.

Naquelas três décadas o crescimento apresentava-se como questão natural, como ocorre hoje com o Chile, China, Coréia, EUA, Hong Kong, Índia, Taiwan, etc. que insistem em crescer desvairadamente. E a China o faz mesmo querendo reduzir o crescimento que está apresentado-se excessivamente alto.

Quem é da época, ou se deu ao trabalho de ler e conhecer um pouco do nosso passado, o que é saudável e desejável, sabe que a economia crescia, havia emprego para todos, o consumo estava sempre aquecido, e as pessoas caminhavam para a frente. Ao contrário de hoje em que se caminha para trás, com muitos que conhecemos tendo condições piores de vida do que há algum tempo. A FIB – felicidade interna bruta, era bem maior que hoje, que quase não existe.

Tempos em que a classe média vem diminuindo gradativa e seguidamente. E o pior é ter que ouvir o governo dizer que a pobreza está diminuindo. Na realidade, está havendo um nivelamento por baixo, que os salários vêm caindo ao longo do tempo, segundo se pode acompanhar pelas estatísticas oficiais, pela grande imprensa e pelos comentários dos experts no assunto.

Para se entender o que estamos dizendo, basta verificar as taxas de crescimento daquelas décadas.

Nos anos 50, com exceção do ano de 1956 que apresentou expansão econômica de apenas 2,9%, a menor taxa foi de 4,7% em 53. A maioria dos anos mostrou crescimento acima de 7%, sendo que quatro deles com taxas acima de 8%, com pico de 10,8%.

Nos anos 60, embora tenhamos tido 0,6% em 1963 e 2,4% em 65, a década foi boa e tivemos quatro anos com taxas acima de 8%, com pico de 10,4%.

Nos anos 70 tivemos crescimentos excepcionais, com taxas variando entre 4,9% e 14%, com 6 anos apresentando taxas acima de 8%.

Portanto, como se vê, de fazer inveja até à economia chinesa que cresce há 28 anos na média de quase 10% ao ano, e nos últimos 5 anos em 11%.

A partir de 1981 entramos na atual situação de alternância entre a estagnação, estagflação, recessão e parco crescimento, com média de crescimento de 2,3% ao ano nesses 26 anos, apresentando vários anos recessivos. E com as décadas piorando, sendo que a de 80, a chamada década perdida, acabou sendo a melhor até agora. A de 90 foi pior que ela e a atual década 00 não está melhor, por enquanto. E não somos nós que dizemos, mas os números oficiais.

Assim, ninguém que tenha menos de 40 anos viu o país crescer verdadeiramente. Simplesmente trocamos de posição com a China, e no mesmo período. Lá temos um dragão, aqui um gatinho, e muito feio.

E ainda temos gente que acha que está tudo bem, e que os anos 60 foram ruins. Até golpe militar tivemos por conta de um princípio de década de 60 não tão alentador.

E até hoje ainda temos gente que critica o maior presidente da história republicana brasileira, o mais que saudoso Juscelino Kubitscheck, que deve estar se revirando no túmulo com tudo que se tem feito no país ultimamente. E ainda tem gente ousando, isso mesmo, ousando citá-lo e comparando-se com ele freqüentemente. Que Deus nos proteja e que JK nos perdoe.

É bom lembrarmos aos que não o conhecem, ou não se lembram, e nem se deram a fantástica chance de ver a sua história levada ao ar pela Rede Globo, em JK, que Juscelino não estava preocupado consigo ou com a falta de recursos, mas com o país e com o que precisava ser feito. Sua preocupação e prioridade era o país e nosso povo e não mesquinharias. Um político que cumprimentava seus adversários políticos e se colocava à sua disposição.

Enquanto ele fez 50 anos em 5 como se costuma dizer, e que é verdade, os seus sucessores fizeram 5 anos em 50. E não foi às custas de um endividamento desvairado como se costuma dizer, acusando-o pela nossa alta e quase impagável dívida externa que criamos há algumas décadas. Segundo lido na grande imprensa há algum tempo, a dívida externa brasileira no início de seu governo era de 2,5 bilhões de dólares norte-americanos, e no final de seu governo de apenas 3,2 bilhões. E ainda assim construiu Brasília, mudou a capital, industrializou o país, ocupou o centro-oeste e o norte, e deu nova face ao país.

Como se vê, não foi ele que destruiu ou entregou o país como alguns costumam dizer sobre governantes que fazem a política das grandes corporações internacionais. Não foi ele que transformou a dívida nessa monstruosidade de já alguns anos, que chegou a atingir 230 bilhões de dólares norte-americanos, e que hoje está um pouco menor.

Bertrand Russel: A principal causa dos problemas do mundo de hoje é que os obtusos estão seguríssimos de si, enquanto os inteligentes estão cheios de dúvidas.

Jornal Portos e Comércio Exterior

Revista O Contêiner

Jornal DCI (Éramos felizes e não sabíamos)

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

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2 Comments

  1. Parabéns pelo artigo. Sim, apesar da dívida externa e inflação exorbitantes, estávamos na era do pleno emprego. Condição si ne qua non para movimentar a economia.

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    • Obrigado Marlene. Já fomos felizes e não sabíamos. Pena este país deteriorar e dificilmente melhorar. Mas, estamos mudando agora. Se não estragar com a eleição….

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