Se eu fosse presidente (II)

 

Continuando nossa parte 1, em que começamos pela bolsa esmola, também não precisamos de ministérios sobrepostos. Como ter um para a Agricultura e Pecuária e um para a Pesca. Ou um para o Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e outro para a pequena empresa.

E nem um para Transportes, e um para Portos e outro para Aviação. Afora as agências reguladoras nessas mesmas áreas, que nada regulam. É só cabide de empregos.

Não sabemos para que precisamos de um Congresso com 513 deputados e 81 senadores, sendo estes, com três por Estado. O gasto é enorme. Sem contar todos os anexos aos gastos, que fazem o Brasil ter o segundo mais caro parlamentar do mundo. Só perdendo para os EUA. Mas, lá, a população é apenas 50% maior que a nossa. Só que com PIB seis vezes maior, e a renda per capita cinco vezes maior.

Assim, relativamente, temos, de longe, o parlamentar mais caro do mundo,  talvez da “via Láctea” (sic). Hoje, de R$ 159.000,00 por deputado federal e R$ 163.000,00 por senador. Falando em EUA, apesar de tudo isso, eles têm apenas 435 deputados e 100 senadores, sendo estes, apenas dois por estado.

Quanto às nossas embaixadas nos mais diversos países, para que precisamos ter imóveis e aluguéis tão caros como sempre divulgado pela imprensa? E para o que elas servem? Se não temos conflitos com ninguém, não precisamos de tantas.

E poderiam ser para grupos de países, quando pequenos e/ou sem muito interesse. Temos visto o noticiário sobre que o país não tem dinheiro para manter as embaixadas e pagar contas de luz. E justificariam se fossem embaixadas comerciais. Como já pedimos há tempos, sem sucesso.

Como eram as embaixadas de Londres entre 1994-99 e de Washington entre 1999-2004. Ambas comandadas pelo nosso caro embaixador senhor Rubens Antonio Barbosa. Período este em que vivemos, no Grupo Aduaneiras, experiências das suas pesquisas e lançamentos de publicações em comércio exterior.

E para serem, simplesmente, distribuídas aos interessados, para melhorar o comércio exterior brasileiro. Bem como usufruímos de diversas palestras com ele, na área, em nosso período na Adede – Associação Brasileira dos Executivos de Comércio Exterior. 

Precisamos, urgentemente, acabar com a corrupção que grassa neste país. Principalmente nos poderes executivo e legislativo. Não que sejam os únicos. O país está totalmente impregnado pela prática.

O mesmo ocorre com a sociedade. E quando a sociedade corrompe e é corrompida, nada se pode exigir dos poderes da República. Afinal, no governo estão personagens pinçados do povo e lá colocados por este povo. Ricos, pobres, remediados. Não importa, é povo que está lá. Ninguém veio pelo “Espírito Santo”.

Precisamos implementar o voto distrital no país. Cada político precisa, e deve saber, que é controlado pela sua região. Não pelo Estado ou país. Quando, por exemplo, um deputado estadual se elege pela região de Campinas, ele tem que se reeleger pela mesma região.

Assim, terá que prestar contas a seu eleitorado. E, se não trabalhar de acordo, será “exterminado”. Não como ocorre hoje em que, se nada fizer, corre para se reeleger, digamos, numa região a Oeste do Estado. Lá ninguém o conhece e ele pode fazer suas mirabolantes novas promessas e se reeleger. Como nosso povo gosta de promessas, vai caindo na lábia deles. E, se mudar de partido, tem que ter perda automática de mandato.

Também proibir a queda de paraquedistas em algum posto político. Há que fazer carreira. Começar pelo poder Legislativo, depois prefeito, ai governador, e só então presidente. E, estando em postos executivos saberá, já por experiência, como funciona o Legislativo. Para a harmonia dos poderes.

Falando em carreira e poderes, eles têm que ser independentes. E, o Judiciário não pode ser independente se juízes do STF são nomeados pela Presidência da República e sabatinados e aprovados pelo Legislativo. Que independência é esta, ninguém sabe.

Os juízes do STF têm que ser eleitos pela totalidade dos juízes do país, de  todas as instâncias. E os juízes das instâncias inferiores, pelos advogados militantes no país. Ou seja, o próprio meio os elege. Numa democracia, o Executivo e o Legislativo não nomeiam e sabatinam qualquer um deles. Nem o Judiciário faz isso. Assim, independência total é primordial.

A polícia tem que ser polícia. E ter o apoio da sociedade. Bandidos não podem ter mais direitos que a gente honesta deste país, policial ou civil. Precisamos recolocar os valores em seus devidos lugares. Todos sabem muito bem que estamos com excesso de defensores de bandidos. E nunca se vê defensores fervorosos da polícia ou das pessoas comuns não bandidos.

Quando algum assassinato ou rebelião de presos ocorre, cansamos de ver entidades e parlamentares defendendo bandidos. Acreditamos que ninguém se lembra de algum deles indo verificar o que a viúva e filhos de homens bons assassinados necessitam. Precisamos de tolerância zero nesse campo. 

A polícia precisa agir. Mas, claro, tem que estar devidamente adaptada para tal missão. Precisa de recursos, treinamento, bom-senso, pessoal suficiente, etc. Mas, tem que agir e não ser acuada pela população enquanto os bandidos agem.

O país precisa voltar a dar atenção à educação. Ela é a base de tudo que precisamos ter para uma vida melhor. Nenhum país no mundo chegou a algum lugar sem educação. Quando nosso ensino era mais sério tínhamos escolas públicas boas. Nós mesmos estudamos nelas quando crianças e jovens. Assim como fez nossa geração.

Estudar era primordial, e todos sabiam que isso era necessário, e não haveria lugar no futuro sem estudo. Salvo, claro, exceções, que existem, e é normal. Mas, exceções e não regra. Hoje, nem mesmo as escolas particulares podem ser reputadas como boas ou excelentes. Tanto as de ensino básico quanto superior.

Atualmente, a educação é mais negócio que educação propriamente dita.

A Coreia, que nos anos 70, era pior que o Brasil, percebeu que a única solução era a educação. E investiu montanhas de recursos nela. Como, segundo nos consta, nenhum ou poucos países haviam investido até então.

O resultado é conhecido. A Coreia deu um salto extraordinário e hoje é uma das principais economias do mundo. E muito à frente do Brasil. Pena que não se enxergue isso como se deve.

É comum se comparar os países por PIB – produto interno bruto absoluto. Em que o Brasil é a 7ª economia do mundo. Isso nada vale. Para termos um PIB de 2,2 trilhões de dólares precisamos de 203 milhões de brasileiros produzindo.

A Coréia, para ter 1,2 trilhão de dólares, tem 49 milhões produzindo. Assim, o Brasil tem renda per capita de 11 mil dólares. A Coréia, de 24 mil dólares. É fácil saber quem está à frente e é mais rico. O Brasil, no quesito que realmente conta, a renda per capita, está lá pela posição 75.

Muita coisa ainda poderia ser dita e sugerida. Mas, acreditamos que é o suficiente. Além do que, com o já mencionado, se pode imaginar muitas outras coisas a serem feitas. Uma coisa puxa a outra. E, também, esperamos que demais colegas e a sociedade apontem suas agruras e desejos para a melhoria do país.

Jornal Virtual DC

Author: Samir Keedi

-Mestre (Stricto Sensu) e pós-graduado (Lato Sensu) em Administração pela UNIP-Universidade Paulista. -Bacharel em Economia pela PUC-Pontifícia Universidade Católica. -Profissional de comércio exterior desde março de 1972. -Especialista em transportes; logística; seguros; Incoterms®; carta de crédito e suas regras; documentos no comércio exterior; contratos internacionais de compra e venda. -Generalista em várias atividades em comércio exterior. -Consultor em diversos assuntos relativos ao comércio exterior. -Professor universitário de graduação e pós graduação desde 1996. -Professor e instrutor técnico desde 1996. -Palestrante em assuntos de comércio exterior e economia. -Colunista em jornais e revistas especializadas. -Autor de vários livros em comércio exterior. -Tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000. -Representante do Brasil na CCI-RJ e Paris na revisão do Incoterms® 2010.

Share This Post On

Submit a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *